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Alguns dos piores atos do Talibã que não devemos esquecer

Na Coluna, o neurocientista, biólogo e historiador Fabiano de Abreu relembre alguns episódios que compreendem o Talibã

Coluna - Fabiano de Abreu, neurocientista, biólogo e historiador Publicado em 17/08/2021, às 12h50

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Apoiadores do Talibã - Getty Images
Apoiadores do Talibã - Getty Images

Vocês estão acostumados com os meus textos como neurocientista, muitas vezes com leves toques de história, que é uma das minhas formações assim como antropologia. Desta vez, vou dar uma leve pincelada de neurociência para com a história, relembrar o que não pode ser esquecido.

Quanto mais afetada a sociedade pela ansiedade, mais pessoas esquecem o passado, reclamam do presente e acreditam que tudo será diferente. Por isso se esquecem ou amenizam a história de crimes de alguns e, neste caso, o terror do Talibã. Tem relação com o negacionismo, mediante a falta de coerência, conhecimento e clareza sobre as possibilidades.

O sistema límbico no cérebro coordena as ações, quando o córtex pré-frontal, menos ativo, relacionado com a inteligência, não consegue orquestrar para ações mais racionais.

O que nos diferencia dos demais animais é o maior desenvolvimento desta região do lobo frontal que nos tornou mais inteligentes. Mas o cérebro reptiliano ainda dita regras com influência do instinto e perturbações provenientes da cultura tecnológica, da mídia social.

Antes de mais nada, para ligar os fatos, Al Qaeda é composta por árabes e o Talibã são tribos afegãs, a maioria deles da etnia pashtun. Os dois grupos são aliados e se ajudam nas questões de logística, armas e dinheiro; expulso de vários países, Osama Bin Laden, um dos fundadores da Al Qaeda, foi acolhido pelo Talibã no Afeganistão após os ataques de 11 de Setembro que deixou milhares de mortos nos Estados Unidos.

Acrescentando, segundo os dados do Índice Global do Terrorismo publicado em 2019 colocam o Talibã como o maior grupo terrorista da história, mais violento que o conhecido Estado Islâmico. Para se ter ideia, em 2018, o Talibã foi responsável por 38% do total de fatalidades em atos terroristas no mundo (6.103 mortes), 71% a mais na comparação com o ano anterior.

Além da violência em suas ações, o grupo impôs mudanças culturais profundas no Afeganistão. Em 1996, quando dominou a capital do país, Cabul, pela primeira vez, leis islâmicas foram impostas a todo o povo afegão.

Foi a partir dali que, por exemplo, as mulheres deveriam se cobrir da cabeça aos pés, não puderam mais frequentar escolas ou trabalhar fora de casa, além de serem proibidas de viajar sozinhas. Outro detalhe é que TV, música e feriados não islâmicos também foram proibidos.

Vou então relembrar, o que não podemos esquecer, alguns atos terroristas deste que é considerado o grupo terrorista mais violento do mundo, superando o Estado Islâmico, o Talibã:

Em 10 de setembro de 2011 - Dois cidadãos do Afeganistão foram mortos e 77 soldados dos EUA são feridos na explosão de um caminhão-bomba na entrada do Posto Avançado de Combate Sayed Abad, que é uma base das forças internacionais na província de Wardak. O grupo terrorista assume a responsabilidade pelo ataque.

Três dias depois, membros do Talibã abrem fogo contra a embaixada dos EUA e a sede da Força Internacional de Apoio à Segurança (ISAF) no centro de Cabul. Quatro pessoas morreram ali.

27 de fevereiro de 2012

O Talibã assume um atentado suicida perto do portão da base da ISAF no aeroporto de Jalalabad, no Afeganistão. Pelo menos 9 pessoas morreram e 12 ficaram feridas naquele momento. O grupo revela que o bombardeio é uma retaliação pela queima de Alcorões pelas tropas da Otan.

11 de fevereiro de 2017

O Talibã assume a responsabilidade pela explosão de um carro-bomba que matou oito pessoas em Lashkar Gah, capital da província de Helmand.

Dois meses depois, uma base do exército no norte do país é atacada, deixando mais de 100 mortos e feridos.

3 de agosto de 2017

Forças do Talibã e do Estado Islâmico fizeram um ataque a uma vila no norte do Afeganistão, matando 50 pessoas. Segundo autoridades locais, até crianças e mulheres foram mortas neste embate.

27 de janeiro de 2018

Uma ambulância cheia de explosivos foi detonada em Cabul, matando 95 pessoas e ferindo outras 191. O Talibã assume a responsabilidade.

7 de junho de 2018

Foi anunciado que as forças afegãs concordaram com um cessar-fogo com o Talibã entre 12 e 21 de junho. A trégua proposta coincide com o feriado de Eid al-Fitr, período durante o qual os muçulmanos celebram o fim do Ramadã, o mês sagrado do jejum islâmico. Só que dois dias depois os militantes do Talibã mataram 17 policiais em um ataque a uma base.

10 de agosto de 2018

O Talibã ataca a cidade afegã de Ghazni, ao sul da capital Cabul, capturando edifícios importantes e trocando tiros com as forças de segurança. A ação deixou 16 mortos e 40 feridos.

15 de janeiro de 2019

O Talibã usou um carro-bomba e deixou quatro mortos e 113 feridos em uma área residencial frequentada por estrangeiros no leste de Cabul

Atualmente, o grupo atua no Afeganistão e no Paquistão, seu objetivo principal é implementar a Sharia e recuperar o controle dos territórios, com ofensivas contra a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e os governos do Paquistão e Afeganistão.

Para isso, a organização utiliza táticas de guerrilha e ataques de homens-bomba. No Paquistão, a mesma é nomeada de Tehrik-i-Taliban Pakistan. O atual líder do grupo é o Mullah Haibatullah Akhunzada.

Com o enfraquecimento do Estado Islâmico e a volta do Talibã, a Al Qaeda poderá ganhar mais força, eles são como os "meninos rebeldes" que levam a culpa, assumem atentados internacionais e o Talibã finge não saber de nada, mas estão sempre a ampará-los.

No Afeganistão, durante os últimos 20 anos, a estratégia dos Estados Unidos era de fortalecer o governo e o exército afegãos para que o país tivesse como frear os avanços do Talibã. Ainda na gestão Donald Trump, foi assinado um acordo para retirar as tropas americanas dali. Com a saída norte-americana em 2021, ao contrário do que todos desejavam, o Talibã voltou novamente ao caminho de dominação do país de forma tão rápida que impressionou a todos.

Chega-se assim ao fato que ganhou as páginas dos jornais no último fim de semana. Com quase 75% do território do país ocupado pelo Talibã, o presidente Ashraf Ghan fugiu e o grupo assumiu o poder novamente.

O resultado disso é aquela imagem que rapidamente se espalhou por todo o mundo de afegãos tentando deixar o país lotando o aeroporto de Cabul, enquanto ocorre essa volta do grupo ao poder.

Em contrapartida, o Estado Islâmico não está morto, encontra-se na África recrutando pessoas fáceis de serem manipuladas devido à pobreza e suas consequências. O que vejo é a volta daquilo que parece nunca terminar. E mesmo mediante a este histórico, tanto a Rússia quanto a China demonstraram que estão dispostos a não se indisporem com o Talibã. Russos anunciam contato com representantes das 'novas autoridades afegãs', enquanto chineses dizem que desejam manter 'relações amistosas. '

Ressalto que os ataques terroristas escolhidos foram apenas alguns a partir de 2011, há muitos outros ataques não relatados neste texto e outro ataque terrorista é contra a liberdade das mulheres naquele país.


** A seção 'Coluna' não representa, necessariamente, a opinião do site Aventuras na História.