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Não há presente, apenas a história e a imaginação de um futuro

Coluna Fabiano de Abreu: Com certeza todos nós já ouvimos a frase: viva o presente! Parece uma piada quando a ouço, por diversas razões e, uma delas, é que considero que o presente não existe

Fabiano de Abreu* Publicado em 28/04/2022, às 17h34

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Imagem meramente ilustrativa - mohamed_hassan, via Pixabay
Imagem meramente ilustrativa - mohamed_hassan, via Pixabay

Nunca estamos no presente, aliás, o que seria o presente? Não há presente.

O que vemos, sentimos, demora milésimos de segundo para entendermos. Mais concretamente, 300 milésimos de segundo é o tempo que o cérebro precisa para gerar uma lembrança; 13 milissegundos é o tempo necessário para processar imagens inteiras captadas pelo nosso olhar.

O processamento do som tem que levar em consideração o tempo da sua velocidade até chegar aos ouvidos, mas ao chegar, interpretamos mais rápido o som do que a visão. O tempo médio de reação humana é de 250 milissegundos. Um estudo chegou a comprovar que a nossa consciência fica em média 80 milissegundos dos eventos reais, ou seja, quando você pensa que um evento ocorre, já aconteceu. 

Nossas memórias ficam distorcidas de acordo com o tempo e impacto da lembrança, e nosso cérebro reage mais forte à novidade do que a repetição. O que é natural já que ele existe para nos manter vivos. Por isso a percepção do tempo colapsa entre as sensações, pois não há um presente que segue o tempo e sim um modo perceptivo lento ou mais rápido de acordo com a quantidade de memórias recuperadas.

Afinal, vivemos no passado ou no futuro?   

Somos nossas lembranças do passado, assim como a nossa história formata quem somos de acordo com as nossas memórias. A memória constrói cenários para nosso futuro. A capacidade de projetar uma imaginação futura e recordar o passado se desenvolve por volta de 5 anos de idade, justamente a idade onde a maioria das pessoas adultas ainda se lembram de cenas fracionadas e quase apagadas. 

Nosso cérebro está sempre no futuro, de forma abstrata, premeditando o que vai acontecer buscando as nossas lembranças, que estão sempre no passado. Cada ação, toda ela, seja automática ou não, é premeditada, portanto, pensamos nela, lembramos dela e fazemos. Aonde entrou o presente até então?

Ao fazer uma comida por exemplo, você pensa no grão e pega-o, pensa no tempero, o busca e pensa em colocá-lo na receita. Pensamentos de projeção futura com base no passado, nas memórias formatadas com base nas experiências que viveu, na sua antiga receita que deu certo, pois se deu errado, lembrará dela para que não se repitam as cenas que levaram ao erro. 

Quem vive de passado é museu? Errado!

Nossas memórias são o passado, mesmo que um passado presente, já que o presente não existe e sim o tempo para se ter o pensamento e entender que este texto que está lendo demora alguns milissegundos para ser interpretado. 

O presente simplesmente não existe, é uma percepção abstrata daquilo que imaginamos querer. É apenas a razão do passado para a percepção do futuro.


Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, colunista do Aventuras na História é um PhD em neurociências, mestre em psicologia, licenciado em biologia e história; também tecnólogo em antropologia com várias formações nacionais e internacionais em neurociências. É diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), Cientista no Hospital Universitário Martin Dockweiler, Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Membro ativo da Redilat - La Red de Investigadores Latino-americanos, do comitê científico da Ciência Latina, da Society for Neuroscience, maior sociedade de neurociências do mundo nos Estados Unidos e professor nas universidades; de medicina da UDABOL na Bolívia, Escuela Europea de Negócios na Espanha, FABIC do Brasil e investigador cientista na Universidad Santander de México. É membro de 4 sociedades de alto QI, a High IQ, Mensa Internacional, Intertel e Triple Nine Society, esta última a mais restrita do mundo tendo que obter pontuação máxima de QI.