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LZ 127 Graf Zeppelin sobrevoando o Rio de Janeiro

Nos anos 1930, o país estava na rota das mais colossais máquinas voadoras

Redação AH Publicado em 26/12/2018, às 07h00

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LZ 127 Graf Zeppelin sobrevoando o Rio de Janeiro - Reprodução
LZ 127 Graf Zeppelin sobrevoando o Rio de Janeiro - Reprodução

21 de maio de 1930: ao entardecer, um enorme objeto em formato de charuto paira sobre Jiquiá, bairro do Recife (PE). A população, maravilhada, observa os movimentos daquele gigante prateado e brilhante. Hoje os desavisados e sonhadores se perguntariam se estavam diante de uma nave de outro planeta. Mas, naquele dia distante, quase todos sabiam que se tratava do dirigível LZ 127 Graf Zeppelin, o primeiro objeto voador a dar a volta ao mundo (em 1929) e que fazia sua primeira viagem ao Brasil.

Construído pela empresa de Ferdinand Von Zeppelin, o objeto ainda reluzia depois dias cruzando os 7,7 mil km que separam a capital de Pernambuco de Friedrichshafen (sul da Alemanha), de onde tinha partido no dia 18. Em terra, um número de pessoas três vezes maior que o de gente a bordo faz a atracação, num festival de cordas e escaladas que renderia àqueles homens o apelido de "aranhas". A torre de amarração do Recife é a única do mundo preservada tal como naqueles dias, em que os dirigíveis eram os senhores do céu.

No dia 25 de maio, era a vez de os cariocas se deslumbrarem com o Graf. "Hurry! Come see the Zeppelin go by!" ("Se apresse! Venha ver o Zeppelin passando!") Foi assim que Alicia Momsen Miller, 5 anos, foi chamada pela mãe para ver a novidade passando sobre o quintal de sua casa, no Rio de Janeiro. O pai de Alicia, natural de Milwaukee (EUA), havia sido enviado a trabalho ao Brasil alguns anos antes.

"Nós subimos as escadas correndo e do alpendre vimos o colossal Graf Zeppelin flutuar sobre nós, a luz do sol refletindo em suas laterais prateadas. Pessoas olhavam pelas janelas de uma gôndola pendurada no lado de baixo dele. Quando circulava em nossa cidade com suavidade e graça, ele passou diante do sol e lançou uma sombra gigantesca sobre nós", descreveu Alicia mais tarde.

O entusiasmo dos brasileiros foi tamanho que os alemães decidiram estabelecer uma linha regular entre Frankfurt e Rio de Janeiro, com escala em Recife. Em 1933, técnicos da Luftschiffbau Zeppelin vieram à então capital federal procurar lugares adequados para instalar campos de pouso e hangares. Escolheram uma área no bairro de Santa Cruz, na zona oeste do Rio. As obras começaram no ano seguinte. O projeto, as técnicas de montagem e a maior parte dos materiais usados vieram da Alemanha.

Em 26 de dezembro de 1936, o presidente Getúlio Vargas comandou a inauguração do aeródromo Bartolomeu de Gusmão - com um hangar de 58 m de altura e uma fábrica de hidrogênio (o gás que inflava os dirigíveis e os fazia flutuar), além de escritórios, alojamentos, um prédio para mistura e depósito dos gases e uma linha de trem para levar os viajantes ao centro da cidade.

Mas o aeroporto de zepelins carioca durou pouco. O acidente com o Hindenburg em Nova Jersey (EUA), em 6 de maio de 1937, feriu de morte a credibilidade do meio de transporte. O Hindenburg havia feito quatro viagens Europa-Brasil-Europa - numa delas, em 1936, levou o maestro Heitor Villa-Lobos a bordo. Pela primeira vez, uma tragédia de tal magnitude era vista por milhões de pessoas - além das centenas de curiosos no local, havia cinegrafistas (as imagens seriam exibidas em cinemas) e radialistas registrando o que deveria ser mais um pouso tranquilo do top de linha da Deutsche Zeppelin-Reederei.

Das 97 pessoas a bordo, 36 morreram carbonizadas ou ao pular do dirigível em chamas. O início da 2ª Guerra foi a pá de cal. O Bartolomeu de Gusmão virou base militar. Mas seu hangar hoje é o único no mundo dedicado a zepelins que ainda está de pé.

Na guerra, a Marinha americana produziu modelos menores e mais seguros, unindo os conceitos alemães aos desenvolvidos por Santos Dumont entre 1898 e 1904. Foram usados para escoltar navios e detectar submarinos inimigos. Seu glamour, no entanto, já tinha ido pelos ares para sempre.


O Grande Dirigível

  • O LZ 127 Graf Zeppelin percorreu 500 mil km. 

  • Transportou um número total de 17 mil pessoas.

  • Possuia 5 motores faziam o Graf atingir 128 km/h de velocidade máxima.

  • Viajava em uma altitude de 900 m.

  • 36 pessoas morreram na tragédia do Hindenburg, em 1937 (uma delas aguardava o pouso em terra).