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Galeria / Guerras

No quadro de Pedro Américo, a história da Batalha do Avaí

Há 150 anos, em dezembro de 1868, acontecia um dos conflitos mais decisivos da Guerra do Paraguai

Mariana Ribeiro Publicado em 11/12/2018, às 10h00 - Atualizado às 11h36

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Detalhe da obra "Batalha do Avaí" - Reprodução
Detalhe da obra "Batalha do Avaí" - Reprodução

O clichê prega que uma imagem vale mais do que mil palavras. Por isso, pinturas históricas eram tão valorizadas até o final do século 19. As obras de arte ajudaram a criar a iconografia brasileira durante o Segundo Reinado, e Pedro Américo de Figueiredo e Melo, autor da pintura da Batalha do Avaí, compreendia a relevância de realizar um trabalho assim. Para ele, os pintores seriam "fieis intérpretes das nossas glórias".

Batalha do Avaí - Pedro Américo Reprodução

O confronto do Avaí foi uma escolha certeira para vangloriar o Brasil. Uma das batalhas decisivas para o desfecho da Guerra do Paraguai (1864 a 1870), ela foi travada junto ao arroio de mesmo nome no país vizinho, em dezembro de 1868, e integrou a "dezembrada", uma série de vitórias das tropas brasileiras sob o comando do Duque de Caxias.

As pinceladas de Américo, no entanto, não se atêm aos fatos. "A tela é importante como representação da identidade da nação. É um desses casos em que a iconografia assume o lugar de documento, e não de mera ilustração", afirma Lilia Schwarcz, autora do livro A Batalha do Avaí (Editora Sextante, 2013), sobre o quadro.

De longe, as dimensões monumentais da pintura (com a moldura, atinge 10 metros de comprimento por 6 de largura) imprimem o ar glorioso desejado, assim como as figuras imponentes de Duque de Caxias e do general Osório. Reforçam a ideia de que um civilizado Exército brasileiro lutava contra os bárbaros paraguaios. Nos detalhes, é possível observar melhor o horror da guerra que acabou alcançando mulheres e crianças. Além disso, é visível a questão complexa dos escravos negros recrutados, estampados em pé de igualdade, mas ainda cativos.

Exposta pela primeira vez em 1877, a peça suscitou debates sobre o conflito que foi o apogeu do Império no Brasil, mas que também marcou o começo de seu declínio.

1. O horror

O horror Reprodução

A feição do paraguaio agonizante, um dos poucos representados com uniforme, é um dos elementos inquietantes do grande painel. Os olhos arregalados e a boca aberta trazem o horror da guerra para perto do observador.

2. Civis

Civis Reprodução

Um toque de dramaticidade à cena: dentro de uma carruagem caída, uma mãe esconde seus filhos, acompanhada por um velho cego. Há uma série de relatos sobre a presença de civis apanhados de surpresa enquanto tentavam fugir da guerra. Em contrapartida, entre as baixas no Exército paraguaio, registros militares revelam que mais de 300 mulheres e crianças foram encontradas no campo de ação.

3. Os botões da discórdia

Os botões da discórdia Reprodução

Destacado em um elevado, e pela luminosidade, Duque de Caxias comanda as tropas. O uniforme exibe as condecorações, mas ainda assim causou polêmica. Amigo do imperador, Caxias foi com dom Pedro II ver o quadro e questionou: "Desejava saber onde o pintor me viu de farda desabotoada; nem no meu quarto!"

4. Bárbaros Nus

Bárbaros Nus Reprodução

Os guerreiros paraguaios eram frequentemente retratados como selvagens. Para compor tal imagem, apareciam sem farda, com torso à mostra e pés descalços. O poder de tais impressões era tamanho que o líder inimigo, Solano López, ordenou que os uniformes fossem compostos de ponchos, camisas e calças sem franjas.

5. Minúcias

Minúcias Reprodução

6. Soldados Negros

Soldados Negros Reprodução

A participação de mais de 7 mil cativos na campanha estimulou o debate sobre a abolição da escravatura no país. Américo mostrou os negros como patriotas em ação, igualados aos demais, ao menos na luta. Na tela, um deles está posicionado atrás do autorretrato do artista, identificado pelo número 33 no chapéu.

7. Comoção 

Comoção Reprodução

O medo está exposto também na expressão do boi. Na simbologia acadêmica, os animais eram usados para registrar a passividade. Seria outra referência do pintor aos que sofriam com a brutalidade da guerra estando à margem dela.

8. Símbolo da Vitória

Símbolo da Vitória Reprodução

A batalha não estaria vencida até que as bandeiras do Paraguai fossem tomadas. No Avaí, foram sequestrados onze estandartes inimigos, segundo anotações de Caxias. No confronto, cerca de 2 mil prisioneiros e 18 peças de artilharia foram capturados. No total, estima-se que 3,5 mil combatentes perderam a vida.

9. Reza brava

Reza brava Reprodução

A batalha não estaria vencida até que as bandeiras do Paraguai fossem tomadas. No Avaí, foram sequestrados onze estandartes inimigos, segundo anotações de Caxias. No confronto, cerca de 2 mil prisioneiros e 18 peças de artilharia foram capturados. No total, estima-se que 3,5 mil combatentes perderam a vida.

RAIO X
Obra: A Batalha do Avaí
Autor: Pedro Américo
Tamanho: 10 x 6 m
Técnica: Óleo sobre tela
Ano: 1877
Local: Museu de Belas Artes, Rio de Janeiro