Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Notícias / Brasil

32 anos depois: Identificação de ossos de desaparecidos na ditadura está perto do fim

Restos foram achados em vala clandestina, descoberta em 1990, que abrigava a ossada de cerca de 1,4 mil pessoas

Fabio Previdelli Publicado em 14/02/2022, às 11h03

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Manifestação contra a ditadura militar no Brasil - Domínio Público
Manifestação contra a ditadura militar no Brasil - Domínio Público

Durante 21 anos, 1964 a 1985, a ditadura militar brasileira torturou, assassinou e foi responsável pelo desaparecimento de centenas de pessoas. Em setembro de 1990, uma vala clandestina foi encontrada e aberta no cemitério Dom Bosco, em Perus, na zona oeste da capital paulista. 

Agora, 32 anos depois, a identificação das ossadas está perto de acabar. Até o fim de março deste ano, deve ser encerrado o processo da retirada do material genético das 901 caixas com ossos que podem ser compatíveis com cerca de 40 desaparecidos políticos que podem ter sido jogados no local por agente da ditadura. 

Em meados de abril, a análise do material genético deve ajudar a esclarecer características dos restos mortais encontrados, como sexo, idade e altura. Até o momento, a análise de 819 'indivíduos principais’ já foram realizadas. Deste montante, cinco deles eram desaparecidos políticos: Dimas Antônio e Dênis Casemiro, Aluísio Palhano Ferreira, Flávio de Carvalho Molina e Frederico Antonio Mayr

81 ossadas ainda precisam ser analisadas por peritos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Embora o material genético das ossadas deva ser retirado até o fim de março, os resultados dos exames de DNA demorarão cerca de 10 meses para serem conhecidos.

Conforme explica matéria do UOL, as datas foram confirmadas na última sexta-feira, 11, por Samuel Ferreira, coordenador científico do Grupo de Trabalho Perus, durante uma audiência na Justiça Federal. 

Desde 2016, o Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (CAAF), da Unifesp, é responsável pelo processo de identificação. "A conclusão dessa fase dos trabalhos será um marco na história da vala", salienta Edson Teles, professor e coordenador da CAAF ao UOL. 

Desde que a vala foi aberta, em 4 de setembro de 1990, 1.049 conjuntos de ossos foram encontrados. "Em 26% deles há mistura de indivíduos. Ao todo, nós estimamos que os restos de 1,3 mil a 1,4 mil pessoas estavam na vala", explica o coordenador.

Importante ressaltar que o local abriga, além dos desaparecidos políticos, moradores de rua, vítimas de violência polícia e os restos de pessoas que não tiveram os corpos reclamados por familiares. 

Após a separação das ossadas, peritos do CAAF separaram os restos mortais de possíveis desaparecidos políticos baseando-se em informações genéticas, como a idade, altura e sexo das vítimas.