Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Notícias / Brasil

Novos achados podem reescrever a história dos índios do Brasil

81 novos sítios arqueológicos avançados demonstram que, antes de Cabral, a Amazônia era possivelmente mais povoada que o Brasil inteiro no século 19

Lucas Vasconcellos Publicado em 27/03/2018, às 15h55 - Atualizado em 29/03/2018, às 15h16

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Nativa-brasileira de etnia tupi-guarani, uma das muitas a habitar a Amazônia - Shutterstock
Nativa-brasileira de etnia tupi-guarani, uma das muitas a habitar a Amazônia - Shutterstock

Em que pesem as centenas de povos que fizeram dela sua morada, a Amazônia sempre foi, às vezes mais, às vezes menos, vista como uma selva fechada e hostil, relativamente intocada pela presença humana. A população para todos os 5,5 millhões de km² da região (equivalentes a 64% do território do Brasil) na era pré-colombiana era estimada em 2 milhões de habitantes. 

Novas descobertas põem essa visão em xeque. Após anos de pesquisa, um grupo de profissionais, liderados pelo brasileiro Jonas Gregorio de Souza, do Departamento de Arqueologia da Universidade de Exeter (Inglaterra), encontrou 81 novos sítios arqueológicos na região.

O estudo completo foi publicado hoje na Nature. É o caso de um bem que vem de um mal. O desmatamento da região permitiu que imagens de satélite revelassem marcas no solo, que indicam a posição de assentamentos humanos e suas estruturas.  Segundo o estudo, as sociedades viviam de maneira estruturada, com estradas, reservatórios de água, muros de madeira para a defesa militar e agricultura.

Diversas imagens aéreas usadas no estudo Denise Chaan

Segundo o levantamento, entre 1250 e 1500, a região abrigava uma população de até 1 milhão de habitantes. Ela corresponde apenas a 7% da Amazônia, no extremo sul. Se o resto da floresta tinha a mesma densidade, seriam 14,3 milhões de habitantes no total – o mesmo que o Brasil inteiro tinha em 1890. 

O trabalho conclui que quem viveu ali não estava apenas de passagem. Essa população pré-colombiana teve forte impacto no local, destruindo o a ideia mitificada de que a área era intocada. 

A pesquisa traz mais lenha ao debate sobre se, antes da colonização, havia no Brasil povos urbanos e sedentários, como os astecas e os maias. Dentro da definição tradicional de civilização. Também que seus descendentes mudaram esse modo de vida diante de uma catástrofe demográfica trazida pelas doenças e armas dos europeus. Famosamente, o sítio arqueológico de Kuhikugu, no Xingu, parece ter abrigado um complexo de aldeias com 50 mil habitantes.