...e o resultado é de gosto duvidoso
O alto-relevo fica em Roma, mas quem decidiu restaurá-lo foi uma equipe da Yeshiva University, a maior instituição de ensino superior judaica dos Estados Unidos.
A escolha não é por acaso. O Arco de Tito, em Roma, foi criado para celebrar a subjugação da Judeia sob o comando do general Tito, que se tornaria imperador entre 79 e 81. Foi feito um ano após sua morte, a pedido de seu irmão mais novo, Domiciano. Ele retrata uma imagem após o cerco de Jerusalém, no ano 70, com os romanos desfilando com as relíquias tomadas dos judeus. O menorá (candelabro) no centro da imagem é tão importante que foi reproduzido, exatamente como no arco, no brasão do Estado de Israel.
Este é o original:
E esta é a recriação:
Chocante? Parece arte vendida em posto de beira de estrada? "A maioria das pessoas odeia as estátuas romanas em Cores", afirma o professor Steven Fine, líder do projeto, ao jornal israelense Haaretz. "Eles acham que parece uma pinhata!" (Ou pichorra, como no episódio do Chaves - os brinquedos mexicanos de quebrar).
Mas, para os romanos, a "pinhata" era o auge da criação artística. Na década de 1980, técnicas modernas de microscopia levaram a uma revelação embaraçosa para os amantes da arte clássica: as estátuas dos gregos e romanos não eram as figuras elegantes e monocromáticas com que estamos acostumados. Eram pintadas, em tons que tentavam reproduzir a realidade, com um resultado que hoje soa duvidoso. Ironia do destino, justamente porque a arte ocidental se inspirou nas pinturas greco-romanas já totalmente desbotadas e o mármore nu se tornou símbolo de classe, no sentido mais exato.
Imagens: Wikimedia Commons, Yeshiva University