Para os povos Rapa Nui, as grandes cabeças de pedra simbolizavam fertilidade. Agora sabemos a razão desta crença
Joseane Pereira Publicado em 16/12/2019, às 08h00
Arqueólogos do Projeto Ilha de Páscoa encontraram evidências que relacionam a construção dos enigmáticos monólitos Moai, da civilização Rapa Nui, com o aumento na fertilidade do solo. Segundo hipóteses anteriores, os povos da Ilha acreditavam que essas construções de pedra tinham como objetivo aumentar a produtividade agrícola — mas a razão desta crença nunca tinha sido comprovada.
Os monólitos estudados se concentram na região da pedreira de Rano Raraku, que originou 95% dos mais de 1.000 Moai produzidos. De acordo com a arqueóloga Jo Anne Van Tilburg, em estudo publicado pelo Journal of Archaeological Science, o local também era uma área agrícola produtiva e continha um dos solos mais ricos da Ilha, com vestígios de alimentos como banana e batata doce.
“Em todos os outros lugares da ilha, o solo estava sendo rapidamente desgastado, corroído e drenado por elementos que alimentam as plantas, mas na pedreira, com seu constante influxo novo de pequenos fragmentos de rocha gerados pelo processo de extração, há um feedback perfeito no sistema de água, fertilizantes naturais e nutrientes", afirmou a geoarqueóloga Sarah Sherwood que também faz parte do projeto.
Os Moai estudados pela equipe estavam profundamente enterrados no solo da pedreira, indicando que o local não servia apenas para a produção de estátuas levadas para fora. “Esses e provavelmente outros Moai na posição vertical em Rano Raraku foram mantidos para garantir a natureza sagrada da própria pedreira. Os Moai eram centrais na ideia de fertilidade e, na opinião dos povos locais, sua presença aqui estimulava a produção de alimentos agrícolas”, afirmou Van Tilburg.
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