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Notícias / Ásia

Autoridades paquistanesas resgatam adolescente de casamento forçado

A menina tem 13 anos e foi resgatada após o caso que causou manifestações no Paquistão

Giovanna de Matteo Publicado em 03/11/2020, às 10h32

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Casamentos infantis ainda são comum em países do sul da Ásia - Pixabay
Casamentos infantis ainda são comum em países do sul da Ásia - Pixabay

Uma adolescente cristã de apenas 13 anos foi sequestrada por um homem, Ali Azhar, de 44 anos, que teria forçado um casamento com ele, no Paquistão. Depois de quase um mês de buscas intensas os policiais conseguiram resgatá-la.

Segundo os tribunais, eles não puderam fazer nada a respeito: aceitaram declarações que a adolescente deu em que dizia ter se casado por livre escolha, além de mentir dizendo que tinha 18 anos.

Porém, grupos de campanha contra o casamento de menores pressionaram as auroridades a abrirem uma investigação a respeito do paradeiro da menina e das declarações.

Líderes da Igreja Católica no Paquistão e grupos de direitos humanos reivindicaram a decisão do tribunal, exigindo que fosse reconsiderada. Eles acreditam que a menina tenha sido forçada pelo "noivo" a dar esse depoimento de consentimento. Um clamor público também deu início às manifestações contra o caso na capital do país, em Karachi.

A adolescente foi resgatada na última segunda-feira, 2, depois que o Tribunal Superior de Sindh autorizou a ação. Ela permanecerá sob custódia protetora até 5 de novembro, quando uma audiência será realizada para definir o seu destino. O suposto sequestrador, por sua vez, foi detido na mesma noite e levado para prisão, onde ficará até terça-feira, 3, quando poderá responder ao tribunal.

Os familiares

Os pais da menina relataram o seu desaparecimento no dia 13 de outubro. De acordo com a Organização Cristã Centro de Assistência Judiciária, Assistência e Liquidação (Claas), dois dias depois o pai foi informado de que o Ali havia feito uma certidão de casamento para sua filha, declarando uma idade de 18 anos e que ela havia se convertido ao Islã.

A família foi atrás de provar que os papéis feitos por Ali eram falsos, no entanto, a Suprema Corte de Sindh inicialmente concedeu a sua custódia ao "noivo" da menina, que também conseguiu através do tribunal uma proteção contra os pais.

A decisão, no entanto, foi condenada fortemente por grupos religiosos cristãos e de direitos humanos. Em declaração à agência de notícias Crux Now, o arcebispo Joseph Arshad disse que "é responsabilidade do Estado ... proteger seus cidadãos, especialmente as meninas menores".

O padre Saleh Diego, da arquidiocese de Karachi, também se posicionou sobre as reversões forçadas ao Islã que acontecem no país: "uma jovem de 13 anos não pode decidir sobre sua religião. Ela é uma menina inocente ... [ela] ainda tem muito que aprender sobre sua própria religião", disse à Agência Católica de Notícias.

No fim do mês de outubro, o advogado de defesa da família, Jibran Nasir, afirmou que entrou com uma acusação de assédio no nome do susposto sequestrador. "[O] lugar mais seguro para uma criança é com seus pais", postou ele em sua conta no Twitter. “Esperançosamente o tribunal irá devolvê-la aos [seus] pais logo após [a] próxima audiência”.

Casamentos infantis ainda acontecem comumente em países do sul da Ási. Segundo um relatório das Nações Unidas, quase 25% das mulheres que tem entre 20 anos se casaram com 18 anos no Paquistão.