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Notícias / Brasil

Cacique Raoni acusa Bolsonaro de "se aproveitar" do coronavírus para eliminar indígenas

"O presidente Bolsonaro não pensa em nós, indígenas", salientou o porta-voz da etnia Kayapó, em entrevista à AFP

Vanessa Centamori Publicado em 05/06/2020, às 16h22

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Cacique Raoni Metuktire - Divulgação
Cacique Raoni Metuktire - Divulgação

O cacique Raoni Metuktire, o porta-voz dos indígenas da Amazônia, é conhecido internacionalmente por dedicar sua vida na preservação das florestas. Hoje, 5, foi divulgada a informação de que ele acusou o presidente Jair Bolsonaro de querer "se aproveitar" da pandemia do novo coronavírus para eliminar as populações indígenas. 

"O presidente Bolsonaro quer aproveitar e está falando que o índio tem que morrer, que os índios têm que acabar", afirmou o cacique do povo Kayapó, em entrevista à Agence France-Presse (AFP), feita por vídeo. 

Segundo o líder indígena de 90 anos, "enquanto o novo coronavírus deixa mais de 33 mil mortos em todo o Brasil", a minoria autóctone ficou de lado. "O presidente Bolsonaro não pensa em nós, indígenas", disse. 

Cacique Raoni Metuktire / Crédito: Wikimedia Commons 

Uma das principais críticas do cacique foi a precariedade do atendimento de saúde ao seu povo. Não por acaso, a população indígena morre duas vezes mais do que o resto da população. Para se ter uma ideia, na última quinta-feira, 4, foram totalizados 46,4 mil casos confirmados da Covid-19 no estado do Amazonas — estão entre eles, 668 indígenas, segundo boletim da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM).

"Aqui no Brasil, as autoridades nunca pensaram em remover um paciente nosso para ser tratado e curado em hospital de Brasília para depois retornar bem para sua aldeia", criticou o cacique. "Não sabemos o que eles (em Brasília) pensam de melhorar o atendimento à saúde do povo indígena", disse. 

Ontem, 4, outro líder indígena também se manifestou. Foi o procurador jurídico da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), Eliésio Marubo. Ele disse que é esperado o genocídio da comunidade em decorrência do avanço do novo coronavírus. Isso inclui o extermínio total ou parcial dos indígenas da região. 

“Nós já estamos trabalhando numa forma de instar as autoridades a justificarem porque esse contágio aconteceu e qual o plano de ação, como será desenvolvido" afirmou Marubo. "O genocídio já está anunciado no Vale do Javari e a partir de agora vamos contabilizar os corpos”, completou.