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Notícias / Ciência

Quão nutritiva é a carne humana? Vencedor do Ig Nobel respondeu

A ideia era descobrir se o canibalismo pré-histórico fazia sentido de um ponto de vista biológico

Fábio Marton Publicado em 14/09/2018, às 12h18 - Atualizado às 14h16

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Misto quente, sanduíche de gente - iStock
Misto quente, sanduíche de gente - iStock

O Homo erectus fazia. Os neandertais faziam. Canibalismo é um fenômeno que precede a espécie humana moderna.

Mas faz sentido? – do ponto de vista da sobrevivência, o mais óbvio possível. Será que o ser humano é uma presa particularmente nutritiva? Talvez você nunca tenha se perguntado, mas foi o que fez o arqueólogo James Cole, da Universidade de Brighton (Reino Unido). E, por conta disso, acaba de ser agraciado com o Ig Nobel, o “Nobel” da ciência bizarra, prêmio da revista Annals of Improbable Research (“Anais da Pesquisa Improvável”) para “conquistas que fazem as pessoas rir, depois pensar”.
Foi na categoria nutrição. Em seu estudo, Cole comparou a quantidade de calorias num ser humano com a de outras presas típicas de caçadores paleolíticos, como cervos, rinocerontes e mamutes.

E descobriu que comer gente era um mau negócio: comparado a um javali ou castor, temos 1/3 das calorias pelo mesmo peso de carne. Temos, calculou Cole, 1300 calorias por quilo de músculo. Um javali tem 4000 e um mamute, 2000. Definitivamente somos um prato light.  “Quando você nos compara a outros bichos, não somos nada nutritivos” afirmou Cole então à National Geographic.

Calma que o estudo não precisou de “voluntários”. Foi só matemática, comparando a composição química, como gorduras e proteínas, em nossos músculos, ao de outros animais (ou estimativas, no caso dos extintos).

Segundo o arqueólogo, isso indica que canibalismo tinha um sentido mais social ou cerimonial, o que contradiz alguns achados em que ossos humanos canibalizados foram encontrados junto a ossos de bichos, tratados exatamente da mesma forma – o que indica que foram comidos casualmente, como qualquer presa.

Outros vencedores do Ig Nobel deste ano foram uma equipe portuguesa que testou quão eficiente é a saliva como um produto de limpeza (química), uma multinacional que descobriu que, no zoológico, chimpanzés imitam humanos exatamente mesmo tanto que humanos imitam chiampanzés (antropologia) e que montanhas russas podem ajudar a fazer passar pedras nos rins (medicina). Veja a lista completa aqui.

O prêmio vale dinheiro: 1 trilhão de dólares do Zimbábue (Z$) – moeda abandonada em 2009 depois de um período de hiperinflação, quando Z$ 300 trilhões valiam a 1 dólar (US$). Em 2015, o governo compensou os habitantes com US$ 1 para cada Z$ 35 quatrilhões.

O Ig Nobel não é uma prêmio malicioso: os próprios cientistas costumam aceitar com bom humor. A cerimônia é apresentada por ganhadores do Nobel e, em um caso, o físico Andre Geim, que fez uma rã viva levitar magneticamente, o vencedor do Ig Nobel (2000), seria o mesmo a ganhar um Nobel (2010).