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Notícias / Arqueologia

Esta caverna foi habitada por humanos por 78 mil anos

A descoberta no Quênia traz revelações sobre a evolução tecnológica do Paleolítico

Thiago Lincolins Publicado em 09/05/2018, às 13h50 - Atualizado às 16h56

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Escavações sendo realizadas no local - Reprodução / Mohammad Shoaee
Escavações sendo realizadas no local - Reprodução / Mohammad Shoaee

O estudo foi realizado na grande rede de cavernas Panga ya Saidi, no Quênia e publicado pela Nature. Arqueólogos do Instituto Max Planck identificaram o que parece ter sido a moradia humana mais longamente habitada de todos os tempos. A presença começou há 78 mil anos e continua até hoje, ainda que as pessoas não morem mais lá. Não as vivas, isto é: o local é usado como cemitério.  

Além da descoberta sobre a ocupação humana no local, os arqueólogos encontraram restos de plantas e animais, que os ajudaram a recriar o cenário ecológico da área. 

“As ocupações em Panga ya Saidi ocorreram no ecótono de uma floresta tropical”, diz Michael Petraglia, do Instituto Max Planck em entrevista ao Haaretz — isso signfica que existiu uma “costura” entre a floresta e a savana. "Isso não foi mostrado antes, então as nossas descobertas são únicas"

Outra descoberta: há 74 mil anos, um vulcão chamado Toba entrou em erupção na Indonésia. Muitos acreditam que a erupção teria causado um gargalo populacional, exterminando grande parte da população humana, e por pouco não nos levando à extinção. No entanto, os vestígios de ocupação humana na caverna indicam que, ao menos nessa parte do mundo, ninguém parece ter sido afetado. A ocupação não foi interrompida. 

As contas produzidas com casca de ovo e as ferramentas feitas com ossos Reprodução / Francesco D'Errico e Africa Pitarch

A parte mais controversa da pesquisa está nas ferramentas de pedra encontradas no local. Esses instrumentos indicam que houve uma mudança tecnológica começada há 67 mil anos. O uso de pedras mais finas e em miniatura reflete uma mudança nas práticas de caça. Mas isso aconteceu de forma gradual, e não numa "revolução" — o que contradiz as opinião sustentada por muitos acadêmicos.

Artefatos feitos com ocre e conchas do marReprodução/ Francesco D'Errico e Africa Pitarch

Além das ferramentas de pedra, os pesquisadores também encontraram ossos, contas feitas com casca de ovo de avestruz e artefatos feitos com ocre. As contas feitas com casca de ovo são as mais antigas já encontradas no Quênia, com 65 mil anos.
Os artefatos também mostram que os humanos que habitaram o local eram saudáveis, estáveis ​​e estavam em crescimento — tanto no tamanho quanto em complexidade cultural — ao longo do tempo.