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Cerveja de 220 anos é recriada por cientistas

Eles usaram um ingrediente recuperado de um naufrágio bicentenário - e o gosto não é como nada de hoje em dia.

Fábio Marton Publicado em 23/11/2016, às 13h11 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h35

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A cerveja centenária era docinha e suave - David Thurrowgood / divulgação
A cerveja centenária era docinha e suave - David Thurrowgood / divulgação
A cerveja pode ser nova, mas um ingrediente nela tem 220 anos: o fermento, micróbios que transformam o açúcar em álcool e que são responsáveis por grande parte do sabor. Eles vieram do naufrágio do navio Sydney Cove, que bateu em um recife em 1797, perto da Tasmânia, e só foi achado em 1977. Em 1990, uma equipe de mergulhadores resgatou a carga do navio, que foi parar no Queen Victoria Museum, em Launceston, Austrália. Entre elas, 26 garrafas de cerveja, as mais antigas do mundo - com seu conteúdo sendo a cerveja mais antiga existente. 

Um ano e meio atrás, o químico David Thurrowgood começou a trabalhar no museu e notou que uma das garrafas ainda tinha líquido. Daí teve a ideia de tentar regatar a cerveja. Para ter uma péssima surpresa: a garrafa tinha óleo de rícino. Mas duas outras garrafas, essas com cerveja, haviam tido seu conteúdo decantado e preservado pelo museu nos anos 1990. No microscópio, os cientistas se surpreenderam em descobrir que os fungos e bactérias ainda estavam vivos e viáveis - alguns especialistas não acreditam que seja possível que vivam por mais de 20 anos. Um exame de DNA revelou que eram das mesmas cepas, semelhantes às usadas nas cervejas trapistas hoje em dia. 

Thurrowgood então seguiu adiante e fez cerveja com o fermento, usando uma receita comum de ale britânica. O resultado foi uma cerveja bem doce, que, segundo ele, lembra mais cidra que cerveja. E, o mais interessante, a equipe do museu descobriu um texto da época que se referia à uma cerveja que tinha gosto de cidra. Isto é, ele realmente recriou um sabor de 220 anos. "Foi uma grande surpresa, mas encontrando essa referência e tendo esse gosto particular vindo da cerveja... ficou claro que a cerveja da época tinha um gosto distinto e estamos redescobrindo agora", afirma o químico ao site LiveScience