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Notícias / Arqueologia

Cientistas descobrem DNA primitivo em pata de ovelha mumificada

Descoberta em uma mina de sal no Irã, a perna tem cerca de 1.600 anos e conta com um material genético muito bem preservado

Pamela Malva Publicado em 20/07/2021, às 08h00

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Fotografias da pata de ovelha - Divulgação/ Centro do Patrimônio Cultural de Zanjan/ Museu Arqueológico de Zanjan
Fotografias da pata de ovelha - Divulgação/ Centro do Patrimônio Cultural de Zanjan/ Museu Arqueológico de Zanjan

Na terça-feira passada, 13, um estudo publicado na revista Biology Letters revelou uma incrível descoberta. De acordo com o Live Science, trata-se da perna de uma ovelha que acabou sendo mumificada naturalmente em uma mina de sal no noroeste do Irã.

Provavelmente descartado por antigos mineiros, o membro ficou escondido na mina perto da aldeia de Chehrabad por mais de mil anos. Com isso, a salinidade do ambiente impediu que a perna entrasse em decomposição, como seria do lado de fora da caverna.

Uma vez identificado por arqueólogos, o artefato foi entregue para Marjan Mashkour, uma arqueozoóloga do Museu Nacional de História Natural da França e da Universidade de Teerã, no Irã — que ainda é coautora do estudo sobre a pata da ovelha.

Com a perna mumificada em mãos, a estudiosa fez questão de enviar uma amostra do tecido inusitado aos cientistas do Instituto de Genética Smurfit no Trinity College Dublin. Foi assim que um fragmento do achado chegou até o pesquisador Kevin Daly.

Apesar de pequena, a amostra doada por Marjan garantiu uma boa quantidade de DNA para que a equipe de Kevin pudesse analisar. A partir da datação de carbono, então, definiu-se que a perna de ovelha tem cerca de 1,6 mil anos, datando dos séculos 5 ou 6.

De acordo com Daly, autor sênior do estudo, o DNA da ovelha ficou tão bem preservado que ainda permitiu a análise do material genético de micróbios que acabaram crescendo na pata com o passar dos séculos. Dessa forma, outras espécies puderam ser analisadas.

Nesse sentido, apenas cerca de  25% a 30% do fragmento de pele doado por Mashkour aos pesquisadores foram identificados como sendo de uma ovelha. O resto do DNA na amostra foi reconhecido como material genético bacteriano ou arqueado.

Com as informações a ovelha, contudo, os estudiosos puderam identificar algumas informações mais específicas sobre o indivíduo ao qual a perna pertencia. Descobriram, então, que ela carregava consigo o gene "lanoso" e o gene ancestral "peludo".

Dessa forma, os pesquisadores da equipe de Kevin identificaram que a ovelha de 1,6 mil anos tinha uma espécie de couro bastante peludo. Ao contrário do esperado, todavia, ela não servia como uma ovelha de lã, mas provavelmente como um animal de rebanho criado como fonte de carne ou leite — servindo para alimentar antigos mineiros.

Apesar das descobertas, Kevin Daly ainda tem uma preocupação. "Uma coisa pela qual estávamos limitados era o fato de se tratar de um único indivíduo", explicou ele. Isso quer dizer que, mesmo com o DNA da ovelha, sua equipe não pôde decifrar mais informações sobre, por exemplo, a domesticação de ovelhas há 1,6 mil anos.

Agora, então, os cientistas buscam mais dados sobre como viviam tais animais nos séculos 5 e 6. E a mina de sal no Irã pode ser uma grande fonte de informações, já que, desde 1993, oito múmias humanas com idades entre 1,3 mil e 2,5 mil anos foram tiradas do local, sendo que várias delas estavam com suas peles e cabelos intactos.