Em seu site oficial, o grupo explicou o projeto "Picasso queimado" e ainda postou um vídeo da peça sendo destruída. Confira!
Pamela Malva Publicado em 19/07/2021, às 14h30
Na última quinta-feira, 15, o coletivo Unique.One anunciou que iria transformar um rascunho de Pablo Picasso, datado de 1964, em uma NFT. Acontece que, antes de eternizar a obra no blockchain, o grupo decidiu queimá-la na vida real, segundo a Exame.
Em seu site oficial, o coletivo de arte afirmou que a ideia do projeto "Burned Picasso" (ou “Picasso queimado”) era transformar a obra original em um token não-fungível (NFT). Para isso, o rascunho conhecido como 'Fumeur V' foi comprado pelo grupo em abril deste ano, durante um leilão da Christie's, pelo valor de 105 mil reais.
"Que 'queimar' está relacionado à 'censura' ao longo da história, não pode ser negado. Mas 'queimar' e 'censura' estão meramente correlacionados aqui”, explicou o coletivo. Em vídeo, o Unique.One mostrou em detalhes a destruição do quadro (confira abaixo).
Pedimos que você deixe de lado essa relação como uma ambiguidade semântica para entender um tipo diferente de fenômeno que ocorre no espaço do blockchain, onde queimar pode significar mais do que destruição — pode significar destruição criativa”, explicou o comunicado do coletivo.
Depois que a peça foi queimada, ainda restaram alguns resquícios da obra original, sendo que um pedaço da folha guarda a assinatura de Picasso quase intacta. Assim, o coletivo decidiu fazer duas NFTs — uma da tela original e outra dos restos queimados, sendo que o dono da segunda ainda irá receber os fragmentos enquadrados.
"A extensa obra de Picasso foi além de influente. O 'Picasso Queimado' está preservando uma única peça, tornando-a imutável no blockchain para sempre", completou o texto publicado no site, por onde acontecerão os leilões das duas NFTs.
Agora, membros do coletivo esperam pela venda das obras, que continuará em andamento pelos próximos 15 dias. Nesse sentido, os lances iniciais em ambas as versões da obra, sendo uma queimada e outra não, são de cerca de 500 dólares.
A sigla de non-fungible token ("token não fungível", em tradução livre) representa uma modalidade que permite criptografar um arquivo digital de qualquer tipo, como imagens, fotos, vídeos e músicas em seus arquivos originais, e permitir que existam "itens autênticos", ou seja, únicos no mundo, como uma só unidade de uma obra de arte.
Qualquer cópia sem a codificação NFT se trataria de uma cópia não autenticada, como um produto pirata ou, simplesmente, uma réplica, podendo gerar valor aos arquivos originais de um item digital. Diferente das criptomoedas, no entanto, os NFTs não são cambiáveis, visto que qualquer tramitação resultará na alteração dos dados da peça.
Apesar disso, se os compradores quiserem gerar lucro com a peça adquirida, como um desenho gráfico ou um meme em vídeo, passam a ter o direito livre de seu uso; além de poder requisitar sua retirada em usos comerciais.
