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Notícias / Antiguidade

Como os antigos egípcios faziam para perfurar o granito?

Hipóteses têm sido levantadas há tempos, mas o mistério sobre suas realizações permanece até hoje

Joseane Pereira Publicado em 15/04/2019, às 09h00

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Reprodução
Reprodução

Uma questão que sempre intrigou os arqueólogos é como os povos do passado fabricavam seus objetos e monumentos. Obras como as grandiosas escadarias de Machu Picchu, os geoglifos do Acre e as pirâmides do Egito levantam questões sobre o uso de tecnologias e ferramentas, e o não entendimento costuma abrir margem para hipóteses sobre o contato com alienígenas ou a ideia de que esses povos estariam "além de seu tempo" -- argumentos perigosos quando se trata de um entendimento fiel do passado.

Os povos egípcios, conhecidos por seus templos, pirâmides e escrita hieroglífica, sempre foram um desafio para os pesquisadores. E uma habilidade que até hoje intriga muita gente é a capacidade de talhar objetos em granito, rocha muito mais dura que calcário ou arenito. Quais eram as ferramentas que eles tinham em mãos? Quanto tempo demorava o processo de escultura? Teriam eles sido ajudados por seres fantásticos? Confira abaixo algumas  das hipóteses.

Ferramentas comuns

Os artesãos egípcios, classe de trabalhadores responsável por toda a grandiosidade que chegou até nós, usavam instrumentos retratados em pinturas que resistiram ao tempo, mostrando o uso de machados, serras, arcos, entre outros. A teoria mais aceita é a de que esses construtores usavam ferramentas de madeira, bronze e cobre para talhar o granito, dominando regras rígidas que possibilitavam um bom trabalho. Por volta do ano 3.500 a.C. observa-se o uso de muitas ferramentas de cobre, que somadas às capacidades dos artesãos, possibilitavam a realização de todo e qualquer trabalho com exatidão.

Réplicas de ferramentas usadas pelos artesãos egípcios / Reprodução

Mas será que ferramentas de madeira seriam suficientes para talhar o granito? Essa foi a principal questão para os arqueólogos do século 19 ao se depararem com artefatos como esses. Apenas estudos posteriores, que não focavam nos objetos em si mas na maneira como eram utilizados, chegaram mais perto de uma solução.

Métodos

De acordo com correntes atuais da arqueologia, os egípcios perfuravam o granito com um método que consistia em introduzir cunhas de madeira em uma fenda natural da rocha, embebendo-as com água. Como a madeira úmida se expande, isso fazia com que a rachadura original aumentasse, e após sucessivas repetições do processo a rocha se dividia em pedaços menores. Artesãos de pedra, antigos e modernos, utilizam esse processo natural baseado em partes mais fracas da rocha. Outro método utilizado eram sucessivas incisões na pedra com os objetos de metal, que, aos poucos, esculpiam linhas e desenhos, intervindo de maneiras diversas na rocha.

Ruínas de uma coluna de granito / Reprodução

Entretanto, tais métodos parecem não explicar tudo. O engenheiro inglês Christopher Dunn é um dos grandes fomentadores dessas questões, e desde 1977 vem se questionando sobre o uso de tecnologias no Egito Antigo. Conversando com egiptólogos e visitando sítios, Dunn não se convenceu apenas com o método de cunhas e água. Segundo ele, as marcas da pedreira que eu vi não me convenceram de que os métodos descritos foram os únicos meios pelos quais os construtores das pirâmides trabalhavam suas rochas. (...) As ferramentas exibidas como instrumentos para a criação de muitos desses artefatos são fisicamente incapazes de reproduzi-los. Para o engenheiro, os artefatos só teriam atingido tal grau de precisão com o uso de lâminas de serra e de objetos com a dureza comparável à do diamante.

Espaço onde se extraiu um bloco de granito em Asuán, Egito / Reprodução

Discussões como essas continuam atuais, e talvez os egiptólogos ainda estejam por encontrar ferramentas que expliquem melhor a construção desses objetos. Mas o que devemos ter sempre em mente é que talvez nós sejamos os limitados, confiando demais em nossas próprias tecnologias e aplicando ao passado formas contemporâneas de ver o mundo.