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Notícias / Ucrânia

Como as paradas LGBTQIA + podem ter influenciado a invasão à Ucrânia?

Apoiador de Vladimir Putin, líder da Igreja Ortodoxa russa falou sobre o assunto

Redação Publicado em 10/03/2022, às 12h00

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O meme sendo exibido no The Late Show with Stephen Colbert - Divulgação/Youtube/The Late Show with Stephen Colbert
O meme sendo exibido no The Late Show with Stephen Colbert - Divulgação/Youtube/The Late Show with Stephen Colbert

Aliado do presidente russo Vladimir Putin, o líder da Igreja Ortodoxa russa, Cirilo 1°, comentou sobre a invasão à Ucrânia que ocorre nas últimas semanas. Em sua opinião, um ponto poderia ter contribuído para que o episódio não tivesse estourado: o fim das paradas do orgulho LGBTQIA +.

Durante sermão realizado no último domingo, 6, o religioso lamentou que Ocidente esteja se esforçando para "destruir o que existe do Donbass [região onde existem dois movimentos separatistas que ficaram bastante famosos: Donetsk e Lugansk]”.

Putin ao lado de Cirilo 1º/ Crédito: Presidential Press and Information Office via Wikimedia Commons

Afinal, segundo aponta matéria da Folha de S. Paulo, Cirilo 1º entende que na área haveria “uma rejeição fundamental” a desordem moral ofertada “por aqueles que clamam pelo poder mundial”. 

A partir disso, surgiu a implicância com o movimento. "Para se juntar ao clube desses países, você precisa fazer uma parada do orgulho gay", declarou o líder da Igreja Ortodoxa Russa.

A fala pode ser explicada, em partes, pelo elo entre Putin e o religioso que, juntos, buscam passar a imagem da Igreja russa como ‘capitães da direita religiosa global’ conforme define Katherine Kelaides, historiadora especializada nos ortodoxos contemporâneos, em artigo publicado pela revista Religion Dispatches.

Desta forma, embora tenha feito apelos em prol da paz, Cirilo 1º corrobora com as falas de Putin de que a Ucrânia, por direito, pertence à Rússia. “Essa também é sua reivindicação eclesiástica”, disse a especialista à Folha. 

Esse histórico fez com que o religioso dissesse que que alguns países, em suma os do Ocidente, usassem essas paradas em defesa da diversidade sexual como um “teste de fidelidade” à adoção de sua ideologia.

Putin, o palhaço gay

País altamente conservador e preconceituoso, a Rússia vive intensos episódios contra a comunidade LGBTQIA +. Em um dos mais emblemáticos atos contra essa ideologia retrógrado , ocorrido em 2017, uma imagem conhecida como "palhaço gay", que já era viral entre os russos há seis anos, acabou por ser censurada.

A montagem que mostra o rosto do presidente Vladimir Putin maquiado com uma bandeira LGBT ao fundo (que estampa a capa desta matéria), utilizada em diversas ocasiões como meio de protesto contra a homofobia, foi proibida de ser compartilhada.

Censura

Naquele ano, o Ministério da Justiça da Rússia decidiu enquadrar o meme na categoria de "materiais extremistas", da qual fazem parte as imagens racistas e antissemitas.

A partir de então, foi estabelecido que quem insistir em distribuir imagens do "palhaço gay" pode pegar 15 dias de prisão, além de ter de pagar uma multa que, se convertida, daria um valor de cerca de 165 reais, na época.

A Rússia deixou de considerar a homossexualidade como uma doença mental oficialmente no ano 1999, nove anos após a decisão da OMS. No entanto, a medida não significou o fim do preconceito no país.

Pelo contrário, a homofobia é um problema muito presente na sociedade russa, o que pode ser percebido até mesmo a partir de leis como a que proíbe a abordagem do tema com crianças desde 2013, conforme o El País.

“A lei eliminou a possibilidade de falar ou transmitir qualquer tipo de informação relacionada a assuntos LGBTI+. E isso, é claro, inclui a cultura e a educação; uma parte vital da sociedade”, disse o advogado Anton Ryzhov, da organização Stimul, em declaração ao jornal.

O presidente russo, Vladimir Putin / Crédito: Getty Images

Em 2019, 60% dos russos consideram a lei como algo positivo. Além disso, 37% deles ainda acreditavam que a homossexualidade é uma doença que precisa ser tratada e outros 18% diziam que LGBTs devem ser perseguidos.