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Notícias / Paleontologia

Criaturas marinhas que viveram há 450 milhões de anos respiravam pelas pernas, diz estudo

Os chamados Trilobitas, inclusive, viveram por mais de 250 milhões de anos — muito mais que os imponentes dinossauros

Fabio Previdelli Publicado em 14/04/2021, às 15h00

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Imagem ilustrativa dos trilobitas - Divulgação/ Jin-Bo Hou/ UCR
Imagem ilustrativa dos trilobitas - Divulgação/ Jin-Bo Hou/ UCR

Criaturas marinhas que viveram há 450 milhões de anos possuíam órgãos respiratórios sofisticados. Isso é o que aponta uma pesquisa feita por cientistas da University of California (UCR), em Riverside, no Estados Unidos, que foi publicado na revista Science Advances.  

O grupo descobriu que os chamados trilobitas, que sobreviveram por cerca de 250 milhões de anos — um tempo muito superior ao dos dinossauros, por exemplo —, respiravam por um lugar um tanto quanto peculiar: suas pernas, que possuíam estruturas parecidas com guelras penduradas em suas coxas.  

Visão detalhada da perna de trilobita/ Crédito: Jin-Bo Hou/UCR

“Até agora, os cientistas compararam o ramo superior da perna trilobita com o ramo superior não respiratório dos crustáceos, mas nosso trabalho mostra, pela primeira vez, que o ramo superior funcionava como uma brânquia”, explica Jin-Bo Hou, aluno doutorado em paleontologia pela UCR, que foi responsável por liderar a pesquisa.  

Com a ajuda da tecnologia, os pesquisadores, agora, poderão entender melhor como se deu o processo evolutivo da espécie, analisando um conjunto extremamente raro de fósseis. “Eles foram preservados em pirita — ouro de tolo — mas é mais importante do que ouro para nós, porque é a chave para a compreensão dessas estruturas antigas", comentou Nigel Hughes, co-autor do estudo e professor de geologia da UCR.  

Estudos anteriores mostraram que foram descobertas mais de 22 mil espécies de trilobitas, porém, apenas cerca de duas dúzias delas apresentam partes moles que são visíveis. Assim, como explica a paleontóloga Melanie Hopkins, que faz parte da equipe de pesquisa do Museu Americano de História Natural, um tomógrafo ajudou a criar modelos tridimensionais dessas estruturas branquiais.  

Fóssil de trilobita preservado em pirita/ Crédito: Jin-Bo Hou/UCR

“Isso nos permitiu ver o fóssil sem ter que fazer muita perfuração e retificação na rocha que cobre o espécime. Dessa forma, poderíamos obter uma visão que seria até difícil de ver ao microscópio — estruturas anatômicas trilobitas realmente pequenas da ordem de 10 a 30 mícrons de largura”, disse. Em termos de comparação, um cabelo humano possuí cerca de 100 mícrons de espessura.  

Apesar de terem sido descobertas ainda no final de 1800, somente com o uso da tecnologia atual que os pesquisadores puderam ver como o sangue se infiltrava nas câmaras dessas estruturas, que captavam oxigênio ao longo do caminho enquanto se movimentavam. Assim, há uma semelhança com as guelras de artrópodes marinhos mais contemporâneos, como lagostas e caranguejos.  

“No passado, havia algum debate sobre o propósito dessas estruturas porque a parte superior da perna não é um ótimo local para aparelhos respiratórios. Você pensaria que seria fácil para esses filamentos ficarem obstruídos com sedimentos onde estão. É uma questão em aberto por que eles desenvolveram a estrutura naquele local em seus corpos”, completou Hopkins