Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Notícias / Arqueologia

Enigma de sexo de indivíduo da Idade Média é decifrado por nova pesquisa

Para pesquisadores, a pessoa enterrada na Finlândia há 2 mil anos “pode não ter sido considerada estritamente uma mulher ou um homem na comunidade da Idade Média”

Isabela Barreiros, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 02/08/2021, às 13h51

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Ilustração de pessoa enterrada no túmulo de Suontaka, na Finlândia - Divulgação/Veronika Paschenko
Ilustração de pessoa enterrada no túmulo de Suontaka, na Finlândia - Divulgação/Veronika Paschenko

Em um novo estudo publicado no periódico European Journal of Archaeology, pesquisadores decifraram um mistério que cercava um túmulo descoberto há 50 anos na aldeia de Suontaka, em Hattula, na Finlândia. 

Dentro da sepultura, estava um corpo, enterrado há 2 mil anos com joias, roupas e espadas. Tanto os adereços quanto as vestimentas levaram os cientistas a sugerir que se tratava de uma mulher; a espada, no entanto, colocou isso em dúvida.

Desde então, o sexo da pessoa do túmulo de Suontaka, nome pelo qual ficou conhecido, se tornou uma grande incógnita, levando a hipóteses diferentes. As principais eram as de que duas pessoas — um homem e  uma mulher — haviam sido enterrados no local. Já a outra apontava para uma guerreira ou líder importante do final da Idade do Ferro.

O artigo, que levou as considerações dos pesquisadores à público no último dia 15, não comprova nenhuma dessas teorias. Na verdade, a partir de uma nova análise, mais moderna, no túmulo, confirmou-se que apenas uma pessoa foi enterrada na cova.

Uma das espadas encontradas no túmulo / Crédito: Divulgação/The Finnish Heritage Agency

Por meio da avaliação feita na amostra genética do indivíduo, obtida por materiais biológicos danificados, os cientistas sugeriram que a pessoa era portadora da síndrome de Klinefelter. Assim, ela teria os cromossomos XXY, em vez de XX para o sexo feminino e XY para o masculino.

A arqueóloga Ulla Moilanen, estudante de doutorado na Universidade de Turku, ressaltou em nota que “os resultados do DNA [foram] baseados em um conjunto muito pequeno de dados”, mas já puderam sugerir resultados importantes.

"O indivíduo enterrado parece ter sido um membro altamente respeitado de sua comunidade. Ele foi colocado na sepultura em um cobertor macio de penas com peles e objetos valiosos”, explica a pesquisadora.

Embora os sintomas variem de pessoa para pessoa, o indivíduo é geralmente considerado anatomicamente masculino, podendo apresentar ainda infertilidade, crescimento dos seios e massa muscular reduzida. Com as vestimentas femininas e a espada, o túmulo pode apontar para papéis de gênero flexíveis naquele período. 

“Se as características da síndrome de Klinefelter eram evidentes na pessoa, ela pode não ter sido considerada estritamente uma mulher ou um homem na comunidade da Idade Média. A coleção abundante de objetos enterrados no túmulo é uma prova de que a pessoa era não apenas aceita, mas também valorizada e respeitada. No entanto, a biologia não dita diretamente a auto identidade de uma pessoa”, explica a especialista.

Além disso, o estudo também revelou que apenas uma das espadas encontradas no túmulo foram enterradas junto com o corpo, o que “também enfatiza a importância da pessoa e de sua memória para a comunidade”, segundo Moilanen.