Esqueletos maia ajudam a desvendar mistério sobre antiga dieta milenar
Um total de 44 ossadas, de adultos e crianças, revelou uma importante transição na rotina alimentar dos caçadores-coletores
Vanessa Centamori Publicado em 04/06/2020, às 09h59
Pesquisadora estudando região das montanhas de Belize - Keith M. Prufer/ Universidade de Exeter
Nas montanhas de Belize, na América Central, arqueólogos estudaram 44 esqueletos, de adultos e crianças do povo maia, enterrados há milhares de anos. Com isso, eles decifraram um mistério intrigante sobre a dieta milenar dessa população.
O milho, segundo o estudo, já era consumido muito antes do que se imaginava. Ele representava aproximadamente um terço da dieta das pessoas na região há 4,7 mil anos. Cerca de 7 séculos depois, a importância dessa iguaria cresceu, de modo que esse tipo de cereal chegou a compor 70% da alimentação dos maias.
Foi possível chegar à essa conclusão analisando restos mortais, enterrados nos últimos 10 mil anos. A datação por radiocarbono das amostras esqueléticas mostrou uma intrigante transição nas dietas. Antes, os caçadores-coletores comiam plantas e animais silvestres, mas logo passaram a depender da colheita do milho.
Arqueólogos estudam a área onde foram encontradas as ossadas / Crédito: Keith M. Prufer/ Universidade de Exeter
"Esta é a primeira evidência direta a mostrar quando ocorreu a mudança na dieta das pessoas e a taxa com que o milho aumentou em importância econômica e dietética até que se tornou fundamental para a vida alimentar, econômica e religiosa”, contou em comunicado, o co-diretor das escavações, Mark Robinson, da Universidade de Exeter.
Segundo os especialistas, o milho foi domesticado a partir de teosintos, uma grama selvagem que crescia nas regiões mais baixas do vale do rio Balsas, no México Central. Acredita-se que o cultivo do cereal começou nas planícies maias há cerca de 6,5 mil anos.