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Notícias / Europa

Ex-líder antivax se diz arrependido: “Temos sido grandes covardes”

O médico Pasquale Bacco foi uma das principais vozes conspiracionistas na Itália. ‘Tenho algumas mortes na consciência’

Fabio Previdelli Publicado em 14/02/2022, às 12h33

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O médico italiano Pasquale Bacco - Divulgação/ Arquivo Pessoal
O médico italiano Pasquale Bacco - Divulgação/ Arquivo Pessoal

Desde o início da pandemia da Covid-19, o médico italiano Pasquale Bacco se tornou uma das principais vozes do movimento antivacina. Como ele mesmo diz, seu discurso “era ouro puro para aqueles milhões de italianos que se alimentam de teorias da conspiração”.

Seus discursos, sempre muito bem inflamados e acalorados, costumavam contrariar a dor de diversos italianos que perderam familiares quando a Itália se tornou um epicentro do novo coronavírus. “[Eu dizia] as vacinas têm água do esgoto, os caixões em Bérgamo estavam todos vazios, com a Covid ninguém morreu…”

Porém, hoje, Bacco está de volta à realidade e se arrepende de tudo o que propagou. “Quando eu vi a realidade com meus próprios olhos, eu percebi que estava errado”, revela em entrevista ao periódico espanhol El Mundo. 

Segundo Pasquale, sua visão de mundo começou a mudar quando ele tomou conhecimento da morte de um jovem de 29 anos em decorrência da Covid. “Ele tinha os vídeos, em seu celular, dos meus comícios nas manifestações dos não vacinados. A família me disse que ele era meu fã.”

Eles não me contaram com raiva, pelo contrário, e isso me machucou ainda mais. Eu sinto que a morte foi minha culpa. E a coisa ainda me incomoda hoje”, continua. 

Após ter participado de cerca de 300 comícios antivacina, Bacco revela ter uma dor na consciência por seus atos. "Acho que aqueles de nós que subimos naqueles palcos têm algumas mortes na consciência. Temos sido grandes covardes, todos nós antivacinas. Fomos às praças e quando falamos, sabíamos que as pessoas queriam ouvir coisas fortes.”

Nós éramos uns grandes sacanas, não escondo, essa é a verdade. Um dia, nós deveríamos ser responsáveis ​​por essas coisas. Infelizmente. Por isso eu pedi desculpas a todos, mas esse perdão é inútil".

Por conta de seu posicionamento, Pasquale Bacco conta que viu o número de seus pacientes aumentar. “Ir contra as vacinas é uma fé e você se torna um Deus”.

“Você entra em uma loucura absoluta. Os antivacinas são pessoas que têm muito medo e encontram segurança em você. Eu tinha tudo. Clientes particulares se multiplicaram por mil. Para uma visita, eu poderia pedir qualquer quantia”, explica. “Ser antivacina pode ser um negócio e a ocasião faz o ladrão”.

Hoje, Bacco já está vacinado e teve sua ordem médica suspensa por seis meses. Mesmo assim, ele busca instruir as pessoas a acreditar na ciência. “Tento remediar meus erros, contar e revelar a verdade. Tento fazer as pessoas abrirem os olhos.”