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Notícias / Arqueologia

Fora da caverna: Mulheres pré-históricas também caçavam e faziam arte, diz livro

Obra busca desmistificar a divisão simplista de gênero nas atividades da Pré-História

Isabela Barreiros Publicado em 06/05/2022, às 09h47

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Imagem em movimento de mulher pré-histórica criada pelos pesquisadores em parceria com produtores do videogame Far Cry Primal - Divulgação/Ubisoft Entertainment
Imagem em movimento de mulher pré-histórica criada pelos pesquisadores em parceria com produtores do videogame Far Cry Primal - Divulgação/Ubisoft Entertainment

O livro e documentário francês “Lady Sapiens: The Woman in Prehistory” (“Senhora Sapiens: A mulher na pré-história”, em tradução livre), estão buscando desmistificar uma ideia presente na ciência e no imaginário comum sobre esse período histórico que permeia há muito tempo.

Em vez de uma divisão simplista de papéis de gênero, em que homens saíam para caçar mamutes, e mulheres permaneciam nas cavernas para abrigar-se da violência, limitando-se à maternidade, os pesquisadores propõem limites não tão claros nessas funções.

“Por muito tempo, a pré-história foi escrita do ponto de vista masculino, e quando as mulheres eram mencionadas, elas eram retratadas como criaturas indefesas e assustadas, protegidas por caçadores machos excessivamente poderosos”, escreveu Sophie de Beaune, professora de pré-história da "Université Jean-Moulin-Lyon III", no prefácio do livro.

“Desde que as mulheres começaram a entrar nas fileiras dos pré-historiadores, um quadro diferente emergiu gradualmente”, continuou. “O leitor talvez se surpreenda ao descobrir que os papéis de homens e mulheres não eram tão claros e que era a cooperação entre todos os membros do grupo, independentemente de seu gênero ou idade, que garantia sua sobrevivência”.

Segundo propõe o livro, os clichês sobre a Pré-História surgiram em parte pelo desinteresse no papel das mulheres nesse período pelos pesquisadores do século 19, que acabaram por impor seus entendimentos culturais nos estudos.

Para Thomas Cirotteau, um dos documentaristas responsáveis pelo livro ao lado de Jennifer Kerner e Éric Pincas, a ideia não é retratar essa mulher pré-histórica como uma “supermulher”, mas sim “ampliar as possibilidades quanto ao seu papel”.

Eles também não se dizem “militantes” sobre as experiências dessas mulheres, visto que não se pode ter certeza sobre o passado. “Nosso papel não é ser enfático sobre o papel de homens e mulheres, mas apenas mostrar as possibilidades em suas atividades e status na pré-história”, apontou ao jornal britânico The Guardian.

“Ela poderia caçar. Ela teve um papel econômico muito importante. Ela podia fazer arte, e o vínculo entre homens e mulheres podia ser muito respeitoso e cheio de ternura”, explicou.

Para embasar suas hipóteses, os pesquisadores destacaram os avanços em análises de fósseis, túmulos, arte e etnografia. Gravuras encontradas no sítio paleolítico de Gönnersdorf, na Alemanha, ilustram uma mulher com uma espécie de “carregador de bebê”, o que a permitiria caçar com suas mãos livres.

Outras evidências relevantes seriam estudos que demonstram a força dos músculos do braço de mulheres, assim como outros enterros de mulheres com ferramentas de caça, sugerindo sua participação na atividade.