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Notícias / Ciência

Astrofísicos perguntam: terá existido outra espécie inteligente antes da Humanidade?

Um cientista da Nasa e outro da Universidade de Rochester publicaram o primeiro artigo acadêmico sobre a “hipótese siluriana”: a possibilidade de haver espécie inteligente antes da humanidade e como descobri-la

Fábio Marton Publicado em 17/04/2018, às 15h07 - Atualizado às 17h35

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Dinos inteligentes: teremos nos esquecido deles? -  Michael Osadciw / University of Rochester
Dinos inteligentes: teremos nos esquecido deles? - Michael Osadciw / University of Rochester

O nome vem de um episódio dos anos 70 de Dr. Who. Uma espécie inteligente de réptil viveu há centenas de milhões de anos e entrou em hibernação para sobreviver a uma catástrofe geológica. Eles são então acordados por uma explosão nuclear e cabe ao Doutor tentar achar um acordo entre a espécie, que passa as décadas seguintes variando entre conviver e tentar exterminar a humanidade. São batizados como “Silurianos” pelo período em que teriam evoluído — o Siluriano vai de 433,8 a 419,2 milhões da anos atrás, mas não existiam vertebrados terrestres, menos ainda répteis, então. 

Parece teoria da conspiração, mas os astrofísicos Adam Frank, da Universidade de Rochester (Nova York) e Gavin Schmidt, da Nasa, decidiram levar a sério. O resultado é um estudo no qual tentam descobrir que tipo de evidência uma civilização assim teria deixado. E não é tão óbvio assim.

Vestígios perdidos

“A fração da vida que termina fossilizada é sempre muito pequena”, dizem os cientistas. “Só para ficar num exemplo, de todos os dinossauros que existiram, há apenas alguns milhares de espécimes quase completos, equivalente a um mero punhado de animais individuais entre milhares de táxons* a cada 100 000 anos. Dada a porporção da descoberta de táxons dessa era, fica claro que espécies que viveram tão pouco como (até agora) o Homo Sapiens podem simplesmente não ser representadas no registro fóssil existente.”

Também é improvável que alguém vá escavar um tablet de dinossauro. Objetos de uma civilização perdida podem ser ainda mais improváveis que esqueletos. Cidades, eles lembram, mesmo hoje ocupam 1% do território terrestre. "Concluímos que, para potenciais civilizações mais velhas que 4 milhões de anos, as chances de achar evidência direta via objetos ou exemplares fossilizados é minúscula."

Ficaremos no escuro para sempre? Não. É aí que começa sua resposta.

Condenados à extinção?

Segundo os cientistas, é possível achar uma civilização no registro fóssil através de atividades como as nossas. Eles assim descrevem esses sinais:

  • Aquecimento global, pela liberação de dióxido de carbono e perturbações do ciclo do nitrogênio por fertilizantes
  • Agricultura, através de taxas muito mais amplas de erosão e sedimentação
  • Plásticos, poluidores sintéticos e coisas como esteroides, que podem ser geoquimicamente detectáveis por milhões, talvez até bilhões de anos
  • Guerra nuclear, se aconteceu, deixaria para trás isótopos radioativos incomuns

No estudo, os cientistas indicaram vários períodos onde o clima passou por uma mudança brusca, como a passagem do Jurássico para o Cretáceo, há 145 milhões de anos.

Gavin Schmidt parece ter um favorito, ao se julgar por uma ficção científica que escreveu em suas horas vagas. Em Under the Sun (“Sob o Sol”), Stella, uma cientista, estuda o Máximo térmico do Paleoceno-Eoceno, há 55,8 milhões de anos, quando a temperatura era 8º C maior. Ela e sua equipe têm um momento de "eureca". Que, a esta altura não deve surpreender ninguém, é uma espécie civilizada perdida.

O conto tem uma mensagem moral, um aviso de como podemos extinguir a nós mesmos. "Pode ser que o período detectável de uma civilização é muito mais curto que sua longevidade, porque você não pode durar muito fazendo o tipo de coisa que estamos fazendo", afirma Schmidt. "Você ou para porque está tudo perdido, ou porque aprendeu a não fazer. De um jeito ou de outro, a explosão de atividade, desperdício e indícios massivos pode de fato ser por um período muito curto."

A Terra, porém, deve ficar bem. Não importa o que façamos ao planeta, só estamos criando nichos para o próximo ciclo da evolução, afirma Adam Frank. "Mas, se continuarmos nessa trajetória de usar combustíveis fósseis e ignorar a mudança climática que isso causa, nós seres humanos podemos não ser mais parte da evolução da Terra."