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Notícias / Egito Antigo

Incesto no Egito Antigo: a polêmica prática que espalhou doenças genéticas faraônicas

Os pais de Tutancâmon eram irmãos e seu pai, Aquenáton, costumava procriar com as próprias filhas. Mas a que custo?

Vanessa Centamori Publicado em 10/03/2020, às 18h00

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Nefertiti, Tutancâmon e Aquenáton - Wikimedia Commons
Nefertiti, Tutancâmon e Aquenáton - Wikimedia Commons

O incesto era uma prática muito comum no Antigo Egito. Os registros mais antigos de relações consanguíneas do tipo datam da 18ª Dinastia. A partir desse período, se inicia o Império Novo, que ocorreu entre o século 14 a.C e 9 a.C. Nessa época, relações sexuais entre pais e filhos aconteciam muito na realeza - e até mesmo entre os sacerdotes -  afinal, os faraós e sua família eram considerados criaturas divinas. 

Isso os dava a autoridade para que fossem além das regras que abrangiam as demais pessoas. Não por acaso, um time de pesquisadores do Egito e da Alemanha fez uma descoberta em 2010 que mostra como o incesto era recorrente nas famílias faraônicas. 

Máscara mortuária de Tucancâmon / Crédito: Wikimedia Commons 

Eles encontraram um total de 11 múmias da 18ª Dinastia, que eram parentes de Tutancâmon. O DNA dos corpos mumificados foi analisado, o que permitiu saber quais tipos de relacionamentos que a família real mantinha entre si. Surpreendentemente, o faraó era filho de um relacionamento entre a irmã de Aquenáton e o próprio Aquenáton, cujo nome significava “a glória de Aton”, o deus Sol. 

Graças à essa descoberta, os pesquisadores esclareceram uma grande confusão feita há tempos. Antes, por causa de algumas pistas espalhadas pela arte egípcia, acreditava-se que tanto Tutancâmon quanto seu pai, Aquenáton, tinham traços femininos. Isso estaria relacionado à uma doença genética chamada síndrome de Marfan. 

Busto de Aquenáton, em detalhes / Crédito: Wikimedia Commons 

Mas isso veio à tona como sendo falso. Na verdade, aquela impressão era causada apenas pela reforma religiosa de Aquenáton, que afetou muito a arte da época. E quem tinha uma doença genética era somente Tutancâmon, que sofria de deformidade equinovarus, que deixa os pés tortos. O motivo: o incesto de seus pais.

Em entrevista ao jornal britânico Daily Mail, o professor do Imperial College London, Hutan Ashrafian, que fez parte do estudo, contou que, por conta do incesto, vários membros da família de Tutancâmon sofreram de doenças envolvendo desequilíbrios hormonais - possivelmente ligados à uma vida mais curta. 

“Vários de seus antecessores da família viveram até uma idade avançada”, disse Ashrafian. “Somente sua linha imediata morreu cedo, e eles estavam morrendo mais cedo a cada geração". 

Faraó Aquenáton / Crédito: Wikimedia Commons 

Visto isso, é notável que o ato de se relacionar somente com os membros próximos da família não saía barato - escapar das doenças e anomalias era difícil com a ciência ainda em desenvolvimento. Mas por que mesmo assim os egípcios insistiam no incesto, que era tão recorrente? 

Uma das hipóteses mais comuns para explicar isso é que existia um grande desejo de manter a “pureza” do sangue real. Aquenáton, por exemplo, procurava procriar com suas próprias filhas. Ele era casado com a Rainha Nefertiti, com quem teve seis meninas. O pai então se casou com a filha Meritaton, com quem teve uma bebê ( sendo não só pai, como avô da criança).

O mesmo aconteceu com sua filha Anquesenamom, com quem ele também teve uma neta-filha. Após a morte do pai, ela ainda se tornou esposa do meio-irmão,Tutancâmon. 

Meritaton, filha de Aquenáton com Neferititi / Crédito: Wikimedia Commons 

Outro faraó da 18ª Dinastia foi Amenófis III, que precedeu Aquenáton e Tutancâmon. Ele também se casou com a própria filha e, por aquilo ser novidade, causou um alvoroço entre o povo egípcio. Acontece que antes o que era mais comum era os reis casarem-se com as meias-irmãs. 

A esposa de Amenófis II era conhecida como Rainha Tiy e especialistas acreditam que ela possivelmente era a prima do faraó. A primeira filha do casal, chamada de Sitamón teve que fazer parte de um casamento com o próprio pai quando tinha 20 anos de idade. Assim como aconteceu com Aquenáton, a suspeita é de que ele também tenha se casado com outras filhas que teve com Rainha Tiy.

Filhas da rainha Nefertiti, muitas das quais tiveram relações sexuais com o próprio pai, Aquenáton / Crédito: Wikimedia Commons 

Depois que o incesto foi aderido pela realeza, a população, naturalmente, também foi seguindo os passos daqueles que eram considerados deuses. O relacionamento incestuoso na família nuclear, não só no Egito Antigo, como também na Persa, também estava presente nas famílias das pessoas menos abastadas. 

 Nefertiti e Aquenáton / Crédito: Wikimedia Commons 

Os historiadores não sabem ao certo se isso surgiu exatamente como uma propaganda do governo, mas alguns outros motivos podem ser apontados. Estão entre eles a religião e também a questão econômica, já que ter filhos dentro da própria família significava mais mão-de-obra. E também, o famoso dote não teria que ser pago ao pedir a noiva-filha em casamento.


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