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Vitrine / Cultura

Manipulação de provas e antissemitismo: obra expõe detalhes do caso Dreyfus

O processo do capitão Dreyfus, de Ruy Barbosa revela a história de um dos maiores erros jurídicos da Europa

Victória Gearini Publicado em 06/10/2020, às 18h22

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Alfred Dreyfus, oficial francês - Getty Images
Alfred Dreyfus, oficial francês - Getty Images

Ocorrido no final do século 19, o caso Dreyfus tornou-se um grande conflito social que dividiu os ideais franceses. Manipulação de provas, controle da opinião pública, parcialidade da imprensa e antissemitismo são alguns dos pontos que permeiam esta história que extrapolou os limites dos tribunais.

Recém lançada pelo Grupo Editorial Edipro, a obra O processo do capitão Dreyfus, de Ruy Barbosa, apresenta como o caso mobilizou juristas e intelectuais do mundo inteiro, além de expor esquemas de espionagem militar. Grande defensor do sistema judicial inglês, Ruy Barbosa encontrou neste caso uma forma de expor e consolidar seus argumentos.

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Obra O processo do capitão Dreyfus, de Ruy Barbosa (2020) / Crédito: Divulgação / Grupo Editorial Edipro

A narrativa se baseia na história verídica do único judeu do Estado-Maior do Exército da França, o capitão Alfred Dreyfus. Na época, o oficial foi acusado erroneamente de vender segredos militares franceses para os alemães. “Trata-se de um dos maiores erros judiciários da história, ocorrido em um dos momentos mais embaraçosos da Terceira República Francesa”, escreveu Arnaldo Godoy na obra de Ruy Barbosa.

Em geral, esta obra foi composta a partir de uma das cartas de Ruy Barbosa enviadas ao Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro, datada no período em que o autor esteve exilado na Inglaterra. Por meio deste documento, o escritor brasileiro Ruy Barbosa passou a colaborar ativamente no processo de Dreyfus. Além disso, foi responsável por registrar um dos maiores erros jurídicos da Europa. 

“[...] segundo todas as informações, o capitão Dreyfus sofreu a provação mais dilaceradora a que se podia expor um homem de cuja sensibilidade moral ainda restasse alguma coisa, com um estoicismo antes conciliável com o sentimento da inocência do que com a consciência do crime. E, depois de considerar nas antecedências honrosas do condenado, conclui: A ser assim, Dreyfus será um inocente, ou um louco”, escreveu Ruy Barbosa na obra O processo do capitão Dreyfus

Disponível na Amazon em formato Kindle e capa comum, este livro contém, ainda, o texto introdutório do advogado e professor universitário, Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy, sendo considerada uma das obras fundamentais para compreender o sistema judicial inglês e o sistema francês. 

Confira abaixo um trecho da obra O processo do capitão Dreyfus (2020): 

Alfred Dreyfus nasceu em Mulhouse, na Alsácia, em 1859. Seu pai, Raphael Dreyfus, era um bem sucedido comerciante têxtil. A família judaica prosperava na cidade, mas, em 1870, viu-se obrigada a mudar-se para Paris. Havia estourado a Guerra Franco-Prussiana, e a região da Alsácia-Lorena foi anexada pela Alemanha. A experiência traumática acabou influenciando a decisão do jovem Alfred de seguir a carreira militar.

Em 1877, ele ingressou na Escola Politécnica de Paris. A instituição é, até hoje, uma das mais prestigiadas escolas de elite na França, voltada à preparação para a carreira militar. Alfred graduou-se em três anos e assumiu o posto de subtenente do exército francês em 1880. Nos dois anos seguintes, recebeu treinamento especializado em artilharia na escola de artilharia de Fontainebleau. Após a formatura, foi lotado em Les Mans, no Trigésimo Primeiro Regimento de Artilharia”.


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