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Notícias / Vietnã

Menina eternizada em foto que marca bombardeios no Vietnã teve vida privada afetada

Depois de 50 anos, Kim Phuc conta como foi conviver com sua exposição

Isabelly de Lima, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 08/06/2022, às 19h05

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Kim Phuc comenta sobre foto que marcou sua vida - Divulgação/Vídeo/Youtube/DW e Getty Images
Kim Phuc comenta sobre foto que marcou sua vida - Divulgação/Vídeo/Youtube/DW e Getty Images

Em 1973, uma foto de uma menina correndo aterrorizada durante um bombardeio no Vietnã ganhou as páginas de mais de 20 jornais de todo o mundo.

O fotógrafo, Nick Ut, chegou a receber o Pulitzer de fotografia de notícias e a foto foi nomeada para o World Press Photo. A imagem se tornou um símbolo do sentimento anti-guerra. Enquanto isso, a garota, Kim Phuc, passou 14 meses em vários hospitais fazendo tratamentos.

Em entrevista à CNN Internacional, a mulher relembrou a data de hoje, 8, que marca os 50 anos daquela foto, tirada em 1972, e relembra que "Nick mudou minha vida para sempre com aquela fotografia notável. Mas ele também salvou minha vida. Depois de tirar a foto, ele largou a máquina, embrulhou-me num cobertor e levou-me ao médico. Sou-lhe eternamente grata".

Contudo, Kim também se recorda de um sentimento negativo acerca do fotógrafo apenas naquela época. “Também me lembro de odiá-lo às vezes. Cresci a detestar aquela fotografia. Pensava: 'Estou nua. Por que ele tirou aquela foto? Por que é que eu era a única criança nua enquanto os meus irmãos e primos estavam vestidos?' Eu sentia-me feia e envergonhada”, lembra ela.

Foto que ficou famosa mundialmente - Divulgação/Vídeo/Youtube/DW

Vergonha duradoura

Com esse sentimento, Phuc, que tinha 9 anos na época, se deparou com sua foto em vários locais. O governo comunista do Vietnã usou a imagem em várias campanhas de propaganda, para mostrar a crueldade do exército norte-americano.

"Isso realmente afetou a minha vida privada", conta Kim Phuc, dizendo que às vezes queria "desaparecer", não apenas por causa dos seus ferimentos, mas também por conta do constrangimento e da vergonha sobre sua imagem.

“Tinha uma ansiedade e uma depressão horríveis. As crianças na escola fugiam de mim. Receava que nunca ninguém me fosse amar."

Em 1992, após ter recebido asilo político no Canadá, ela escreveu um livro contando suas experiências e criou a Kim Foundation International, uma organização que oferece ajuda a crianças de guerra. Foi nomeada embaixadora da boa vontade das Nações Unidas em 1997 e desde então ela discursa no mundo todo sobre sua vida e o poder do perdão.

“A ideia de partilhar as imagens da carnificina, especialmente de crianças, pode parecer insuportável – mas devemos enfrentá-las. É mais fácil esconder as realidades da guerra se não vemos as consequências”, relata Kim.