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Notícias / Arqueologia

Mumificação era feita na Europa há 8 mil anos, mostram esqueletos

Uma análise em ossos encontrados em Portugal revelou que o processo de mumificação já ocorria no continente no período Mesolítico

Isabela Barreiros Publicado em 07/03/2022, às 14h34

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Esqueletos examinados no estudo encontrados no Vale do Sado, Portugal - Divulgação/Rita Peyroteo-Stjerna et.al
Esqueletos examinados no estudo encontrados no Vale do Sado, Portugal - Divulgação/Rita Peyroteo-Stjerna et.al

Esqueletos de 13 pessoas encontrados no Vale do Sado, em Portugal, nos anos 1960, foram estudados por pesquisadores das universidades Linnaeus e de Uppsala, na Suécia, e da Universidade Aberta de Portugal, e revelaram que a mumificação já ocorria na Europa há pelo menos 8 mil anos, durante o período Mesolítico.

Os ossos estavam em um cemitério de caçadores-coletores e foram descobertos em sambaquis, depósitos contendo conchas, restos mortais, entre outros detritos. Depois de identificarem os indivíduos, os cientistas começaram a reconstituir as posição de enterro dos corpos.

No estudo, publicado na revista científica European Journal of Archaeology, eles descrevem como foram encontradas evidências de dessecação nos corpos, em tratamentos feitos antes do enterro daquelas pessoas, provavelmente em rituais mortuários.

Um dos esqueletos encontrados no local / Crédito: Divulgação/Rita Peyroteo-Stjerna et.al 

A partir de fotos dos esqueletos, com experimentos de decomposição humana e combinação de resultados com dados de arqueotanatologia, foi possível perceber que a mumificação era mais comum naquele período do que o esperado.

Como reportou a revista Galileu, os cientistas relataram características como hiperflexão dos membros do esqueleto, ausência de desarticulação em partes importantes do corpo e um ainda um rápido preenchimento de sedimentos ao redor dos ossos.

A hiperflexão e a ausência de desarticulação poderia indicar que as pessoas foram depositadas no local em estado ressecado, como múmias, e não logo após a morte, “frescas”. Esse estado também é capaz de deixar algumas articulações fracas e causar forte flexão do corpo.

Reconstituição da posição dos corpos / Crédito: Divulgação/Rita Peyroteo-Stjerna et.al 

Depois de serem dissecados, os corpos ficaram com pouco ou nenhum sedimento em seus ossos, passando por um "processo de mumificação natural guiado” para se tornarem secos, mantendo sua integridade. Além disso, também foram acrescentadas cordas ou bandagens para ficarem em certas posições.

“Em climas temperados mediterrâneos com verões longos e quentes, como no sul de Portugal, os primeiros sinais de putrefação de um corpo exposto ao ar podem tornar-se evidentes apenas meio dia após a morte”, explicaram os arqueólogos no artigo. “Embora essas condições possam acelerar a decomposição, elas também podem facilitar a mumificação natural.”

Não se esperava que a mumificação fosse tão antiga no continente. Ao redor do mundo, os exemplos mais antigos datam de 4 mil anos, enquanto há o caso mais antigo de mumificação na cultura Chinchorro, da região costeira do deserto chileno do Atacama, remontando de 7 mil anos atrás.