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Notícias / Arqueologia

Nova espécie de tatu gigante, que viveu há 21 mil anos, é descoberta no Brasil

O animal, que tinha 2 metros de comprimento e pesava 200 quilos, fazia parte da hoje extinta megafauna brasileira

Vanessa Centamori Publicado em 11/03/2020, às 10h36 - Atualizado às 10h50

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Tatu gigante que viveu no Brasil - Grupo de Paleontologia da UFSCar/Divulgação
Tatu gigante que viveu no Brasil - Grupo de Paleontologia da UFSCar/Divulgação

Os esforços iniciados há 5 anos por Jorge Felipe Moura de Jesus, aluno da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), deram um excelente resultado: o brasileiro descreveu com sucesso uma espécie de tatu gigante inédita. A criatura, que ganhou o nome de Holmesina criptae, viveu há cerca de 21 mil anos, tinha 2 metros de comprimento e pesava 200 quilos. 

Sob a orientação do professor Marcelo Adorna Fernandes, do Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva, o rapaz estudou ossos encontrados na Chapada Diamantina (BA). As ossadas continham o exemplar mais completo de tatu pré-histórico brasileiro já descoberto. 

Arqueólogos durante escavações que revelaram o tatu gigante /Grupo de Paleontologia da UFSCar/Divulgação

 “Escavamos com pincéis, com as mãos e com pequenas pás... todo o cuidado para não danificar os ossos e para não perder nenhuma parte”, relatou de Jesus, em entrevista ao Portal G1.

A equipe de arqueólgos encontrou as ossadas acidentalmente, em 2014. Marcelo Adorna Fernandes enviou fotos do esqueleto para uma análise, que determinou que não se tratava de um animal atual. Podia ser apenas ossos de vaca ou de uma cabra, mas era na verdade um raro exemplar de herbívoro pré-histórico. 

O tatu gigante pertenceu à uma megafauna, extinta há cerca de 10 mil anos. O conjunto era composto por seres vivos gigantescos - entre eles, havia preguiças gigantes, enormes capivaras e tigres-dente-de-sabre. Todos costumavam andar por terras brasileiras, e a quantidade de espécies desse período era bem significativa. Só os estudos de um naturalista dinamarquês apontaram a existência de mais de 12 mil ossos de animais dessa época. 

Escavações na Chapada Diamantina / Crédito:  Grupo de Paleontologia da UFSCar/Divulgação

Segundo Fernandes, a abundância de gigantes se dava pois havia muito alimento e espaço para a evolução desses bichos. Fatores como o aumento da predação e o encolhimento dos habitats, sobretudo devido à atividade humana, podem ter contribuído para a extinção dos gigantes, sobrando em maior quantidade animais de pequeno porte. 

A Era do Gelo, que ocorreu há 10 mil anos, é outro fator apontado pelo especialista para a diminuição de animais herbívoros como o tatu. Para resgatar um pouco da história desse animal, o paleontologista Julio Lacerda reconstruiu digitalmente a sua imagem, com base em tatus modernos e suas características. As investigações sobre a espécie devem continuar, e a análise de outro animal que conviveu com o tatu gigante também será feita.  

A ossada completa da nova espécie pode ser visitada na Exposição do "Tatu Gigante das Cavernas”, no Museu da Ciência Prof. Mário Tolentino, localizado em São Carlos (SP), na  Praça Coronel Sales, de segunda à Sexta, das 8 às 17h. A entrada é gratuita e fotos são permitidas.