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O Cais do Valongo, no Rio, é reconhecido pela Unesco como Patrimônio Mundial

Local é o último vestígio material da entrada de escravos na América

Thiago Lincolins Publicado em 10/07/2017, às 12h14 - Atualizado em 16/10/2018, às 12h41

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Escravos desembarcando nos Cais do Valongo - Wikimedia Commons
Escravos desembarcando nos Cais do Valongo - Wikimedia Commons

As ruínas do Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, acabam de receber o título de Patrimônio Mundial Cultural. O reconhecimento foi feito pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) em uma reunião do Comitê do Patrimônio Mundial, na cidade de Cracóvia, na Polônia, ontem, 9 de julho de 2017.

O título coloca Cais do Valongo ao lado de locais como Ouro Preto e Olinda, mas também a cidade de Hiroshima e o Campo de Concentração de Auschwitz. E a razão está em outra tragédia: o local foi o principal ponto de entrada de escravos no Brasil, que recebeu 40% de todos os africanos trazidos para as Américas, num total de 4 milhões de pessoas. 60% das quais entraram pelo Rio de Janeiro, 1 milhão apenas pelo Cais do Valongo. O local só deixou de ser ponto de entrada para escravos em 1831, por pressão da Inglaterra, com a aprovação da lei Feijó, proibindo a entrada de escravos no Brasil... oficialmente. Foi a chamada "lei para inglês ver". O tráfico continuaria de forma clandestina, em portos menores, até a Lei Eusébio de Queirós, em 1850.


Cais do Valongo após as escavações / Wikimedia Commons

Os restos do Cais que foram descobertos após uma escavação em 2011. Objetos encontrados, como anéis, amuletos, partes de calçados, e botões feitos com ossos,representam os únicos vestígios materiais relacionados a chegada de africanos escravizados nas Américas.

O cais que já era reconhecido como Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro desde novembro de 2013, a partir da decisão do Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), foi o único sítio arqueológico inscrito pelo país para concorrer ao título este ano.  A candidatura feita pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a prefeitura do Rio de Janeiro, foi apresentada ao Centro do Patrimônio Mundial em 2015. Teve como base um dossiê que detalha a trajetória dos escravos e a sua significativa importância para a economia brasileira do século.