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Notícias / Segunda Guerra

Paul Grüninger, o ex-futebolista que salvou inúmeros judeus na Segunda Guerra

Aos 24 anos, ele se tornava campeão nacional de futebol — e aos 48, ignorava ordens nazistas como comandante de fronteiras

Wallacy Ferrari Publicado em 09/02/2021, às 11h06 - Atualizado em 22/11/2022, às 09h54

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Retrato de Paul durante a Primeira Guerra - Divulgação / The Jewish Foundation for the Righteous
Retrato de Paul durante a Primeira Guerra - Divulgação / The Jewish Foundation for the Righteous

Nascido em 1891 na cidade de St. Gallen, na Suíça, Paul Grüninger sempre fez questão de mesclar a boa vontade com o desejo de servir.

Ainda na juventude, englobou o time de futebol SC Brühl, o fazendo ganhar o campeonato nacional na temporada 1914-1915. Pouco tempo depois, ainda alistou-se no exército durante a Primeira Guerra Mundial.

O país, embora exercendo uma posição neutra nos conflitos, precisava de alguém ágil e observador para proteger as fronteiras — e o futebolista caiu como uma luva.

Ao fim da guerra, não apenas foi prestigiado em sua cidade natal, como integrou a força policial e foi promovido a capitão antes de completar 35 anos de idade.

Como cidadão prestigiado, Paul chegou a ser presidente da Associação de Policiais Suíços, participar de congressos nacionais e organizar a segurança em visitas internacionais. 

Ele até mesmo protegeu o imperador japonês Hirohito numa viagem diplomática em St. Gallen, como informa o portal All That's Interesting. Porém, todo o esforço e prestígio foi requisitado novamente em 1938, quando iniciava a Segunda Guerra Mundial.

Paul Grüninger (dir.) acompanhado de outro militar durante a Segunda Guerra / Crédito: Divulgação / Yad Vashem

Com a Alemanha nazista anunciando a intensão de anexar a Áustria, os suíços temiam que refugiados judeus do país vizinho trouxessem mais problemas.

Os alemães, por sua vez, começaram a marcar passaportes judeus com a letra J para sinalizar a impossibilidade de imigração. Visto que já tivesse desempenhado o bloqueio da fronteira anteriormente, Grüninger foi acionado.

De acordo com o historiador Eleanor Strauss Rosenast no livro "Do Right and Fear No One: The Paul Gruninger Story", um despacho oficial emitido em setembro de 1938 ordenou que "judeus ou prováveis judeus" deveriam ser repelidos.

Paul não contestou, mas seus atos foram suficientes para boicotar a ordem. Durante oito meses — desde a ordem até abril de 1939 — milhares de refugiados tiveram a passagem aceita pelo comandante.

Com o J marcado nos passaportes, Paul fez um esforço por conta própria para salvar os perseguidos; usou sua influência na Suíça para emitir documentos falsos, os preenchendo como se a passagem para a Suíça já havia sido feita antes do despacho oficial.

A obra acrescenta que, em algumas ocasiões, o comandante ainda doou roupas de frio para judeus que tiveram de deixar tudo para trás.

Grüninger em seus anos finais / Crédito: Divulgação / Yad Vashem

Arriscado trabalho

O arriscado trabalho chamou a atenção das autoridades, visto que Grüninger ordenava a 'vista grossa' aos membros de seu batalhão. Dessa maneira, passou a ser investigado pela Gestapo, sendo impedido de chegar ao trabalho durante a manhã de 3 de abril de 1939, pelo cadete Anton Schneider.

Sem provas de que ele era o responsável, a orientação do oficial Heinrich Rothmund para o comandante era apenas de dispensa, o demitindo do cargo e o processando criminalmente.

Considerado culpado, Paul perdeu o benefício da aposentadoria, além de pagar uma multa e custos processuais. No entanto, não se arrependeu dos atos e, nos anos seguintes, operário, comerciante, instrutor de direção e, eventualmente, como professor.

Em seu último ano de vida, teve o reconhecimento do Yad Vashem, instituto de memória oficial de Israel, que o homenageou. Faleceu em 22 de fevereiro de 1971, aos 80 anos de idade e, anos depois, foi anunciado como nome do estádio do clube onde venceu o torneio nacional em 1915.