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Notícias / Nazismo

Reforma de Quartel General onde Hitler sofreu atentado causa polêmica na Polônia

Segundo historiador do país, o local pode virar sítio de peregrinação neonazista

Vinícius Buono Publicado em 02/08/2019, às 17h00

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Apesar do estado deteriorado, as paredes do Wolfsschanze ainda sobrevivem - Flickr
Apesar do estado deteriorado, as paredes do Wolfsschanze ainda sobrevivem - Flickr

A decisão de um órgão público da Polônia de reformar um antigo quartel general de Hitler e dos oficiais nazistas está causando polêmica no país.

O Wolfsschanze (Toca do Lobo) é um enorme complexo de bunkers. Nele constam aproximadamente 200 instalações, incluindo duas pistas de pouso e uma estação de trem, além de ter sido outrora apinhado com campos minados e armas antiaéreas. É fortificado de tal maneira que nem os próprios nazistas conseguiram destruí-lo, em 1945, já à sombra do avanço soviético.

As ruínas, hoje parcialmente reclamadas pela floresta e com muito musgo sobre suas pedras, são a principal fonte de renda do distrito dos lagos de Masurian, ao norte da Polônia. Segundo o Distrito Florestal de Srokowo, o órgão responsável pela administração, cerca de 300 mil turistas passam por ali todo ano para visitar o local onde o Führer passou grande parte da guerra. 

Foi lá, inclusive, que ocorreu a tentativa de assassinato dele por uma bomba na maleta do coronel Claus Schrenk Graf von Stauffenberg no dia 20 de julho de 1944, como parte da Operação Valquíria, quando oficiais alemães, desgostosos com a liderança do ditador, principalmente após as pesadas baixas sofridas em Stalingrado, tentaram matá-lo. Ele sobreviveu com ferimentos leves e o tiro saiu pela culatra: os conspiradores foram logo descobertos e mortos — inclusive von Stauffenberg.

Segundo o porta-voz da instituição de Srokowo, Sebastian Trapik, a prioridade é, justamente, reconstruir a sala de conferências onde a explosão ocorreu, usando figuras simbólicas em tamanho natural para representar os oficiais nazistas.

Esquema do atentado à bomba contra Hitler. Ele só se salvou graças à gigantesca mesa de carvalho onde a maleta foi colocada. Créditos: BBC

A decisão é controversa. Hitler passou 850 dias no Wolfsschanze, de 1941 a 1944, e nele tomou decisões sobre a invasão da URSS — a operação Barbarossa — e, também, sobre o Holocausto. Pawel Machcewicz, historiador polonês da Segunda Guerra, alega que os planos são insanos, ultrajantes e não levam em consideração a sensibilidade exigida pelo assunto.

Há o medo, também, de que o local vire destino da peregrinação de neonazistas, algo que Machcewicz chamou de Disneylândia sinistra.

Há, também, a preocupação com a banalização do sofrimento das vítimas do Holocausto. Os mais jovens, alega Machcewicz, estão mais distantes do terrível ocorrido e, por isso, não tem a cicatriz tão a flor da pele.

Ainda assim, os planos do Distrito de Srokowo envolvem a construção de um hotel e de um restaurante, além da infraestrutura já presente: estacionamento, painéis informativos e até um prédio de recepção. O porta-voz assegura, ainda, o compromisso com a seriedade e o respeito pela verdade histórica.