A equipe de arqueólogos acredita que a oferenda foi feita aos deuses da cultura Chimu para conter os efeitos naturais causados pelo fenômeno climático do El Niño
Fabio Previdelli Publicado em 29/08/2019, às 11h00
Uma equipe de arqueólogos encontrou os restos mortais de 227 crianças que foram sacrificadas em um ritual na costa norte do Peru – é a maior descoberta de sacrifícios de menores no mundo todo. Os corpos foram localizados no setor Pampa La Cruz, em Huancho, na parte litorânea da cidade de Trujillo (a 700 quilômetros de Lima).
Um dos responsáveis pelo achado, o arqueólogo Feren Castillo, disse que os corpos pertenciam a pessoas entre 4 e 14 anos, sacrificadas em um ritual pré-colombiano aos deuses da cultura Chimu – de 1.200 a 1.400 anos de antiguidade.
Com a datação por carbono, foi possível associar a idade dos corpos com o período, já que as datas correspondem à época em que os Chimus controlavam a costa norte do Peru. O rito tinha como finalidade abrandar os efeitos naturais causados pelo fenômeno climático do El Niño: “Encontramos evidências de chuva, o que sugere que esse sacrifício foi feito durante um fenômeno de El Niño, um evento climático na costa norte do Peru”, explicou o Castillo.
“Os restos das crianças estão de frente para o mar. Alguns têm protetores de pele, cabelo e prata. A maioria está na posição de decúbito dorsal, isto é, deitada. O interessante é que eles têm marcas de corte externas, cortes muito finos. Encontramos no ano passado a faca com a qual eles fizeram esses sacrifícios, e o que suspeitamos é que a pessoa que executou deve ter tido muita experiência porque os cortes feitos nas crianças no esterno são muito bem feitos", concluiu o arqueólogo.
No ano passado, os restos de 56 jovens foram encontrados na região de Pampa La Cruz. O sítio fica a dois quilômetros de Huanchaquito - onde a pouco mais de um ano foram descobertos os ossos de 140 crianças e 200 lhamas, que provavelmente foram ofertadas em um ritual similar a este.
