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Notícias / Crimes

Virou documentário da Netflix: O homem acusado de enganar mulheres no Tinder

'Golpista do Tinder' é acusado de obter mais de 10 milhões de dólares mentindo para diversas vítimas ao redor do mundo

Fabio Previdelli | @fabioprevidelli_ Publicado em 05/02/2022, às 00h00 - Atualizado em 18/02/2022, às 08h00

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Cena de "O Golpista do Tinder" - Divulgação/ Netflix
Cena de "O Golpista do Tinder" - Divulgação/ Netflix

O Tinder é um dos aplicativos de relacionamento mais usados do mundo. Diariamente, milhares de ‘matchs’ são dados na plataforma, reunindo dois perfis que, até então, eram totalmente desconhecidos. E, assim, diversos casais são formados a cada minuto.

Entretanto, muitos não usam o Tinder apenas em busca de um amor verdadeiro, eles estão à procura de algo mais intenso e 'prazeroso': um golpe milionário. E é justamente assim que Simon Leviev, o Golpista do Tinder — título esse que a Netflix usou como nome de seu documentário sobre o caso, que estreou essa semana —, age. 

O date perfeito

Entre a infinidade de possibilidades pretendentes no Tinder, Simon Leviev se destaca. Rico, bem-vestido e conhecedor dos lugares mais sofisticados do mundo, é impossível não se encantar pela figura do israelense. 

Se apresentando como herdeiro do magnata de diamantes Lev Leviev, Simon é capaz de oferecer todo o luxo que uma pessoa pode desejar: voos particulares para qualquer lugar do mundo, jantares em restaurantes caros e até mesmo festas nas boates mais badaladas. Leviev sabe como cativar. 

Com Cecilie Fjellhøy, por exemplo, a história foi semelhante. Eles deram match no  aplicativo em janeiro de 2018, quando os dois estavam em Londres. A norueguesa logo recebeu uma mensagem de Simon: “Vamos nos encontrar?”.

Cecilie Fjellhøy em "O Golpista do Tinder"/ Crédito: Divulgação/Netflix

O sujeito enviou a localização do hotel onde estava hospedado e eles se encontraram para um jantar. Sempre muito direto e confiante, Leviev revelou ter se encantado por Cecilie, mas lamentou o fato daquele ser seu último dia na capital inglesa: precisaria partir em uma viagem de negócios para a Bulgária. 

Mas, e se a mulher se juntasse a ele na jornada? Não acostumada a agir por impulso, a norueguesa surpreendentemente aceitou. O tempo junto com um homem muito compromissado a fez lhe sentir especial. Fjellhøy sabia que ali poderia estar nascendo uma relação duradoura. 

Entre juras de amor e planos para morarem juntos, Cecilie se via cada vez mais encantada por Simon. No entanto, logo o conto de fadas se tornou um verdadeiro filme de terror. Além do coração partido, ele a deixou com mais de 200 mil dólares em dívidas. 

A real identidade de Simon Leviev

Nascido em Bnei Brak, uma cidade a leste de Tel Aviv, em Israel, o sujeito foi batizado com o nome de Shimon Hayut. Em 2011, ele fugiu de sua terra natal para evitar ser julgado por crimes relacionados a fraudes — delitos que cometeu quando tinha 20 e poucos anos. 

Hayut então escolheu a Finlândia para viver. No novo país, fora acusado de aplicar novos golpes. Em 2015, acabou sendo condenado a dois anos de prisão por enganar três mulheres, segundo relata o The Times of Israel. 

Simon Leviev, o 'Golpista do Tinder'/ Crédito: Divulgação/Instagram/Simon Leviev

Após a sentença, voltou a Israel por um breve período, mas logo se mandou para a Europa, de novo, para evitar ser preso novamente. É então que Shimon adotou a alcunha de Simon Leviev

Com a identidade falsa, o homem passou a se apresentar como herdeiro de um magnata dos diamantes e SEO da LLD Diamonds. Importante ressaltar que, embora tanto Lev Leviev quanto a empresa realmente existam, os dois NÃO possuem nenhuma ligação com o golpista. 

Inclusive, segundo o periódico israelense, o magnata "apresentou uma queixa contra Hayut à polícia por se apresentar falsamente como seu filho".

Modus operandi

Devido ao estilo de vida que apresentava ter, Simon atraiu mulheres através do Tinder. Como estava sempre cheio de compromissos, ossos do ofício para um 'empresário milionário', ele mantinha um relacionamento à distância com suas vítimas. 

É então que começava a agir. Por 'ter muito dinheiro', o golpista afirmava que tinha muitos inimigos — outros empresários que disputavam mercado com ele. Esses rivais, segundo explica, o perseguiam constantemente.

Simon falava que sofria constantes ameaças de morte, chegando a receber pelos correios munições de armas pesadas e até mesmo coroas de flores para seu 'próprio enterro'. Óbvio que tudo era armação. 

No entanto, o poder de convencimento do homem é tão grande que suas vítimas passam a temer por sua vida. É assim que o golpe começava. Depois de enviar a foto de seu segurança particular ensanguentado, ele dizia que seus inimigos estavam rastreando suas compras através de seu cartão de crédito. 

Simon Leviev, o 'Golpista do Tinder'/ Crédito: Divulgação/Instagram/Simon Leviev

Para despistá-los, ele supostamente pedia às suas vítimas que lhe emprestem dinheiro. Os valores seriam para pagar passagens de avião e arcar com hospedagem em hotéis para ele e sua equipe. Além do mais, ele também é acusado de pedir para que elas lhe enviem seus cartões de crédito, assim não conseguiria ser rastreado. 

Leviev não parou aí, ele chegou a pegar os dados pessoais de suas vítimas para registrá-las como funcionárias de sua companhia de diamantes. Ao enviar contracheques falsos, pede para que as mesmas ligassem para seus bancos e pedissem um aumento em seus limites de crédito. 

Como forma de recompensá-las, já que era muito rico, supostamente enviava falsos depósitos bancários que cobririam todos gastos que fez. Porém, o dinheiro nunca chegou aos cofres de suas vítimas. 'Deve ser apenas um imprevisto burocrático, afinal, uma transação dessa não é nada para um homem milionário, não é mesmo?', muitas delas pensaram. 

Mas o que suas vítimas não sabiam é que Simon usava o dinheiro para atrair outras vítimas em potencial. Assim, um esquema de pirâmide sempre permitia que ele continuasse com uma vida de luxo e gastação. 

Com o dinheiro de Cecilie Fjellhøy, ele foi acusado de enganar Pernilla Sjöholm e, depois, Ayleen Charlotte... e assim por diante. 

A vida atrás das grades

Após aplicar golpes em Israel, Suécia, Inglaterra, Alemanha, Dinamarca e Noruega, Simon Leviev acabou preso na Grécia, em 2019. Sua detenção aconteceu, em partes, por conta de Fjellhøy, que decidiu contar sua história a um jornal de seu país. 

Após jornalistas investigarem os crimes de Leviev, as autoridades gregas foram alertadas de que ele entraria no país sob um passaporte falsificado. Extraditado a Israel, ele negou todas as acusações. 

Tenho o direito de escolher o nome que quiser, nunca me apresentei como filho de ninguém, mas as pessoas usam a imaginação”, relatou ao Channel 12 News. 

“Talvez seus corações tenham sido partidos durante o processo... Eu nunca tirei um centavo delas; essas mulheres se divertiram na minha companhia, viajaram e conheceram o mundo com meu dinheiro”, completou.

Simon Leviev sendo preso/ Crédito: Divulgação/Netflix/O Golpista do Tinder

Entretanto, ele acabou sendo condenado a 15 meses de prisão — importante pontuar que o cárcere se deu pelas acusações que ele enfrentava em 2011. Pelas acusasões de golpe em mulheres por toda a Europa, Leviev jamais foi preso. Após cinco meses atrás das grades, ele acabou solto por “bom comportamento".

O que diz Leviev?

Atualmente com 31 anos, Simon Leviev vive como um homem livre em Israel, sempre sendo muito ativo em suas redes sociais. Além de viver seu estilo de vida luxuoso, cheio de jatos particulares, roupas de grife e carros caros em abundância, ele também oferece conselhos de negócios.

Simon Leviev, o 'Golpista do Tinder'/ Crédito: Divulgação/Instagram/Simon Leviev

De acordo com o The Times of Israel , ele supostamente roubou cerca de US$10 milhões de vítimas em todo o continente, apenas entre 2017 e 2019. Já Cecilie, Pernilla e Ayleen ainda estão pagando suas dívidas.