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Idade Moderna / Personagem

Do primeiro papa a ser fotografado ao sequestro de uma criança: há 142 anos morria Pio IX

O Santo Padre foi um dos mais polêmicos da História, sendo o que mais governou desde São Pedro

André Nogueira Publicado em 07/02/2020, às 12h08

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Papa Pio IX - Wikimedia Commons
Papa Pio IX - Wikimedia Commons

Um dos papas mais polêmicos da História foi, com certeza, Pio IX, o italiano que tornou-se pontífice em 1846. Marcado por um dos papados mais longos do mundo, ele atuou num momento de agitação política, passando pela Revolução Industrial, a unificação italiana e o início da Belle Époque. Entre seus feitos, destaca-se o fato de ter sido primeiro pontífice a ser fotografado na História.

Giovanni, nome de batismo de Pio IX, nasceu em uma família nobre e só não se tornou militar por conta de crises de epilepsia que sofria. Foi teólogo, sacerdote no Chile, arcebispo e, finalmente, cardeal em 1840.

Pio foi eleito papa em um conturbado conclave dividido entre liberais e conservadores, onde ele aparecia como uma espécie de conciliador. Seu governo pareceu inicialmente liberal, mas rapidamente aperfeiçoou os temas mais reacionários da Igreja, como a tolerância religiosa e a relação com as minorias. Acusado de falso liberalismo, ele aumentou as tensões com visões distintas à da fé cristã.

Cardeal Giacomo Antonelli, futufo Papa Pio IX / Crédito: Wikimedia Commons

A partir de uma visão aquiniana (ou seja, inspirada em São Tomás de Aquino), condenou em encíclica ideologias ligadas ao racionalismo, socialismo, comunismo, judaísmo, maçonaria, naturalismo e outros. Dogmático devoto de Virgem Maria, Pio foi guiado por sua fé conservadora em diversas atitudes oficiais como Chefe de Estado e líder religioso.

Um dos casos mais alarmantes de seu governo foi a famosa relação do papa com o judaísmo, o que levou ao sequestro de uma criança judia chamada Edgardo Mortara, que fora tirada de casa e levada aos Estados Papais. O jovem teria sido batizado num momento de desespero em que estava doente, e, segundo as leis de Roma, um cristão não podia ser criado por judeus.

O caso do jovem Mortara ficou famoso pelo mundo e diversos chefes de estado, como Napoleão III e Francisco José da Áustria, fizeram apelos para que a criança voltasse ao lar de seus pais. Porém, Pio se recusou a quebrar o dogma anti-judaísmo da Igreja.

Pio IX, o primeiro papa fotografado / Crédito: Wikimedia Commons

Seu governo também ficou marcado pela destituição dos chamados Estados Eclesiásticos, pois Pio IX comandava o Trono de Roma quando os revoltosos empreendiam o Risorgimento, que levou à unificação da Itália como Estado Nacional comandado pelo rei Vittorio Emanuele II.

Pio resistiu o quanto pode à dominação laica italiana, mas a contenda só fora resolvida em 1929, com o acordo entre Pio XI e Mussolini na resolução da chamada Questão Romana, em Latrão.

Também foi o Santo Padre responsável pela cisão entre Roma e o Império do Brasil, após a relação conflituosa que tinha com a instituição maçônica. O padroado brasileiro dava soberania às decisões de Pedro II em relação às políticas religiosas, e Pio IX institucionalizou a perseguição aos maçons, o que levou ao inevitável conflito com a coroa brasileira.

Discurso do papa em Roma / Crédito: Wikimedia Commons

O reinado, inclusive, foi o responsável pela organização do Concílio Vaticano I, uma reunião de bispos e cardeais ocorrida na passagem de 1869 para 1870, em que foi definido, entre outras coisas, o princípio da infalibilidade papal, dogma esse presente até hoje e que afirma que o Sumo Sacerdote sempre está correto em suas deliberações. Com isso, Pio IX criou um escudo moral e legal ao cargo de Sumo Pontífice.

Num balanço geral, o Papa Pio IX é considerado um conservador e, em vários aspectos, um déspota. Fundador de questões fortes na Igreja, como a Questão Romana, a visão do comunismo como anticristão e a inflexibilidade do catolicismo com a modernização do mundo, ele possui um legado de tragédias, a ponto de ter ganhado um infame apelido entre os italianos: Papa No No (“Papa Não, Não!”). Ele morreu em 1878, se tornando o papa que mais governou desde São Pedro.


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