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Testeira

A marca silenciosa do nascimento de uma criança na antiga Babilônia

A curiosa descoberta arqueológica chama atenção

Joana Freitas, arqueóloga Publicado em 04/12/2021, às 09h00 - Atualizado em 04/04/2023, às 17h57

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O registro arqueológico - Biblical History & Archaeology, via Facebook
O registro arqueológico - Biblical History & Archaeology, via Facebook

A seção dedicada à antiga Babilônia presente no Museu Universitário Da Pensilvânia aloja uma coleção que conta com quase 30.000 tábuas de barro inscritas no cuneiforme sumério e acádio, tornando-a uma das dez maiores coleções do mundo.

A generalidade dos textos provém das escavações do Museu em Nippur na segunda metade do século 19, juntamente com pequenos grupos de tabuletas escavadas de Ur, Billa, Malyan e Fara.

A coleção inclui o maior número de tábuas escolares sumérias, assim como composições literárias quando comparada com qualquer um dos museus do mundo. Ainda no seu acervo é possível encontrar importantes arquivos administrativos que abrangem um período que se estende desde 2900 a 500 a.C.

Entre estes importantes artefatos, existe um que chama particularmente a atenção. Uma pequena peça escrita em cuneiforme representa detalhes da certidão de nascimento de uma criança nascida na antiga Suméria.

Este pequeno texto escrito sobre uma tábua de barro identifica o sexo do recém-nascido e o nome dos pais. O conjunto, além da peça escrita, é completado com outra, onde figura uma pegada de criança feita de barro que representa uma marca silenciosa do seu pé, datada de 2000 a.C.

O bebé registado é do sexo masculino e existem razões para este tipo de registos. As mulheres não eram tratadas de igual forma na antiga Suméria. Esperava-se, sobretudo, que as mulheres fossem esposas, mães e donas de casa. Obviamente existiam algumas exceções a esta divisão binária de género.  

Em alguns casos, as mulheres podiam possuir bens, gerir negócios juntamente com os seus maridos, ou tornar-se sacerdotisas, mas não eram tratadas como iguais.

Existe, portanto, uma razão para os escribas incluírem o género numa certidão de nascimento: porque dizia algo sobre o valor social e o estatuto legal da criança.


Joana Freitas é formada em história na vertente de arqueologia pela faculdade de letras da Universidade do Porto e tem por áreas de maior interesse a evolução humana e a pré-história. Fora do campo de formação tem como disciplinas preferidas a antropologia e a paleontologia que no fundo complementam a sua formação de base.

Gosta de conhecer outros lugares, principalmente as suas pessoas, ler e escrever. Embora tenha participado em diversas escavações de vários períodos históricos de diversos países, o local arqueológico que mais marcou o seu percurso e onde esteve presente em várias campanhas diferentes foi castanheiro do vento, um recinto pré-histórico em Vila Nova de foz Côa, em Portugal.