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Onde as imagens falam: Conheça o impressionante Parque do Côa

Há 27 anos, a descoberta de um local com arte rupestre paleolítica ao ar livre chamava atenção em Portugal

Joana Freitas, arqueóloga Publicado em 16/08/2021, às 14h51 - Atualizado em 14/01/2022, às 08h00

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Registro do local - Divulgação/Vídeo/Youtube/Porto Canal Douro
Registro do local - Divulgação/Vídeo/Youtube/Porto Canal Douro

Há 27 anos, um país mobilizou-se, numa atmosfera de imediatismo sem precedentes, na defesa de um patrimônio de valor incalculável.

Junto ao rio Côa, no ano de 1994, foi encontrado o maior complexo (até à data) de arte rupestre paleolítica ao ar livre. Dois anos mais tarde, Portugal inaugurava o que seria o primeiro parque arqueológico em território nacional.

O processo de construção de uma barragem foi suspenso, indo contra todos os interesses políticos e econômicos preservando assim um conjunto de 1200 rochas contendo gravuras das quais apenas 45 são visitáveis e que estão divididas em quatro núcleos: Penascosa, Fariseu, Canada do Inferno e Ribeira de Piscos. As gravuras estão distribuídas ao longo de uma área de 20.000 hectares.

Crédito: Divulgação/ Vídeo/ Youtube/ Porto Canal Douro

O vale do Côa revela-se ao mundo como uma gigantesca galeria a céu aberto, distribuída por mais de 80 locais distintos sendo predominantes as gravuras do paleolítico (cerca de 25.000 anos). É exatamente esta concentração que torna o parque do Côa tão extraordinário e raro.

Ainda devemos ressaltar a excelente preservação do local. Por regra, apenas as representações em grutas ou outros locais menos expostos aos agentes erosivos sobreviviam em boas condições.

Os habitantes pré-históricos do vale do Côa gravaram, sobretudo, imagens de cavalos, bovídeos, caprídeos e cervídeos sob (maioritariamente) rochas de xisto e em posição vertical. Verifica-se ainda uma preferência por painéis rochosos que tivessem exposição a nascente.

As escolhas são resultado da própria natureza apresentada pelos processos de encaixe fluvial e de faturação tectónica. Os painéis verticais lisos apresentam-se extremamente apropriados para a gravação.

Divulgação/Vídeo/Youtube/Porto Canal Douro

No entanto, no Núcleo de Arte Rupestre da Faia (Cidadelhe, Pinhel), localizado na área mais a sul do Parque Arqueológico, podemos ainda hoje encontrar também gravuras e pinturas sobre granito.

As gravuras têm entre 15cm e 1,80 m e eram realizadas utilizando técnicas de picotagem e/ou raspagem. Entre as inúmeras representações de animais, existe apenas uma de caracter abstrato e uma representação humana.

A preservação do Parque do Côa é de interesse mundial uma vez que faz parte da história da humanidade e nos permite uma olhar mais próximo aos nossos antepassados e da sua visão do mundo à época.


Joana Freitas é formada em história na vertente de arqueologia pela faculdade de letras da Universidade do Porto e tem por áreas de maior interesse a evolução humana e a pré-história. Fora do campo de formação tem como disciplinas preferidas a antropologia e a paleontologia que no fundo complementam a sua formação de base.

Gosta de conhecer outros lugares, principalmente as suas gentes, ler e escrever. Embora tenha participado em diversas escavações de vários períodos históricos de diversos países, o local arqueológico que mais marcou o seu percurso e onde esteve presente em várias campanhas diferentes foi castanheiro do vento, um recinto pré-histórico em Vila Nova de foz Côa, em Portugal.