A pintora mais extravagante do México ainda comove e serve de inspiração 67 anos após a sua morte
O universo criativo de Frida Kahlo tem um nome que denota profundidade: Casa Azul. A residência onde ela nasceu, morou a maior parte da sua vida e morreu, possui as paredes pintadas de um intenso azul-cobalto, uma cor que fascina. E além de captar os nossos olhos, nos leva também a imaginar a trajetória da artista neste espaço, vivida com força inabalável e muita determinação.
Frida Kahlo nasceu em 1907 na casa construída pelo pai três anos antes, no bairro residencial de Coyoacán, na Cidade do México. Guilherme Kahlo era imigrante alemão e o fotógrafo oficial do patrimônio cultural mexicano, contratado pelo governo. Durante seu segundo casamento — com Matilde Calderón, natural do país — Frida nasce, sendo a terceira de quatro filhas.
Com 6 anos de idade a menina contraiu poliomielite e uma das consequências da doença foi uma perna mais curta do que a outra, o que já causava incômodo e gracinhas dos colegas. Mas ela nem imaginava que, aos 18 anos, a sua vida teria novo revés: Frida sofre um acidente no ônibus que a trazia da escola e quebra vários ossos, com graves danos à sua coluna.
A necessidade de ficar imobilizada durante os próximos meses a leva a pintar. Seu pai, que era também envolvido com arte, empresta tintas e pincéis, e a mãe manda fazer um cavalete adaptado para a cama.
Com enorme sensibilidade, Frida coloca em prática o aprendizado das aulas de pintura do colegial, e começa a esboçar os seus sentimentos nas telas: as dores física e emocional são retratadas em trabalhos intimistas, com grande carga autobiográfica. A pintura passa a ser um escape para a adolescente.
Durante a sua vida, Frida passou por mais de 30 cirurgias; seus longos períodos de convalescência trouxeram inúmeras consequências psicológicas, assim como o uso permanente de coletes ortopédicos para corrigir a postura.
Por conta do acidente, que perfurou os órgãos genitais, ela sofreu três abortos espontâneos. Além disso, no último período de vida, teve que amputar a perna direita logo abaixo do joelho por causa de uma gangrena. Em 1954 ela morre por conta de todas estas complicações de saúde.
A inauguração do Museu Frida Kahlo, ou Casa Azul, em 1958, foi um esforço pessoal de seu marido, Diego Rivera. O muralista havia pago grande parte da hipoteca da casa nos anos 1930, por conta da diminuição de poder aquisitivo do pai de Frida, que perdeu seu contrato com a administração pública, além de ter que arcar com as extensas despesas médicas da filha.
A residência se tornou a base do casal na Cidade do México, uma vez que, apesar das questões de saúde dela, eles conseguiram viajar e passar temporadas fora do país. E juntos, eles decidiram trazer mais vida e cor à casa, decorando vários cômodos com artesanato mexicano, além de aumentar o jardim, que ficou mais verde e frondoso.
Durante o casamento, arte vai brotando dentro daquelas paredes e é a soma de todas estas sensações que vi e senti durante a minha visita à Casa Azul, que eu quero compartilhar agora, em meu depoimento neste podcast. Espero que você consiga se transportar para o mundo azul de Frida Kahlo!