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Personagem / Personagem

Há 144 anos, nascia Carl Gustav Jung, pai da psicologia analítica

A obra do médico é influente até hoje não só na medicina ou na psicologia, mas na cultura como um todo

Vinícius Buono Publicado em 26/07/2019, às 08h00

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Carl Gustav Jung - Reprodução
Carl Gustav Jung - Reprodução

Há 144 anos, nascia, na Suíça, Carl Gustav Jung. No início do século 20, a psicologia ainda era uma ciência incipiente, e os estudos de Jung foram revolucionários para esse campo. Considerado o pai da psicologia analítica, ele criou e aprofundou diversos conceitos, como a dualidade (principalmente entre extroversão e introversão), arquétipos, individuação e inconsciente coletivo.

Pautou grande parte de seus estudos sobre a simbologia. Para isso, ele ia além do que é considerado como ciência propriamente dita. Seus interesses em áreas como religião, astrologia, ocultismo e alquimia fez com que fosse considerado por muitos como um místico, e, de fato, o misticismo se faz presente ao longo de toda a sua obra.

Pregava um tratamento mais humano dos pacientes, com o foco não apenas no diagnóstico, e suas ideias foram precursoras para a medicina holística, campo que tem avançado bastante nos dias de hoje.

Na sua infância, Jung queria, inicialmente, ser pastor e, mais tarde, arqueólogo. Porém, encontrou na medicina, mais precisamente na psiquiatria, a união entre ciência e espiritualidade que buscava.

Após concluir o curso de medicina na Universidade de Basel, na Suíça, fez parte da equipe do psiquiatra suíço Eugen Bleuler, famoso pela conceituação da esquizofrenia. Sob Bleuler, seu trabalho e seus estudos chamaram a atenção, de maneira recíproca, do pai da psicanálise, o austríaco Sigmund Freud.

Crédito: Reprodução

Freud e Jung desenvolveram, além de uma relação de mestre e aprendiz, uma amizade que ficou evidente pelas longas e inúmeras correspondências que trocaram. Freud, mais velho, via em Jung o herdeiro natural de seu trabalho, chamando-o de “filho adotivo, príncipe e sucessor”. Foi plenamente a favor da nomeação do suíço como presidente da Associação Psicanalítica Internacional, recém-fundada pelo próprio Freud. 

Porém, as divergências entre ambos logo apareceram. Jung discordava da importância que Freud dava à libido na formação da personalidade, focando mais no conceito de inconsciente coletivo, que o austríaco enxergava apenas como um adendo à psique humana, enquanto Jung considera esse um conceito base, inclusive, para a individuação das pessoas. Segundo ele, a formação de nossa personalidade se dá quando partimos desse inconsciente coletivo comum e formamos o nosso próprio.

Freud, considerado cabeça-dura demais inclusive por outros cientistas, se recusava a sequer aceitar as ideias de Jung, e os dois cortaram relações, tanto profissionais quanto pessoais, em 1912. Isso foi significante na vida de Jung, já que, além de ter funcionado como uma certa censura no meio acadêmico (dominado por Freud e suas visões), jogou-o numa crise existencial que o próprio identificaria, posteriormente, como “uma confrontação com seu inconsciente”.

Mesmo assim, o pesquisador prosseguiu com seu trabalho, e enfrentou outras polêmicas ao longo de sua carreira. Na década de 30, tornou-se presidente da Sociedade Médica Internacional Geral para a Psicoterapia, com sede na Alemanha, e, até hoje, acusam-no de ser favorável ao nazismo e ao anti-semitismo. 

Jung, porém, alegava que só aceitou o cargo por desfrutar da condição de neutro (enquanto suíço), e, aproveitando a internacionalidade da Sociedade Médica, empregou diversos psiquiatras e psicólogos judeus para que pudessem continuar exercendo sua profissão fora da Alemanha.

Carl Jung morreu em 1961, aos 85 anos. Afetado por problemas circulatórios (um ataque cardíaco o impediu de assumir o cargo de professor na Universidade de Basel ainda na década de 40), o psiquiatra veio a falecer depois de passar mal em sua casa, no município de Kusnacht, no seu país natal. 

A vasta obra de Jung, seus conceitos e princípios foram fundamentais para os avanços, dentre outros campos, da psicologia e da psiquiatria. Suas ideias acerca do inconsciente coletivo, arquétipos, sombra, sincronicidade e tantas outras ainda reverberam não só no meio acadêmico, como também na cultura popular, servindo de influência para uma infinidade de obras de diversos autores e temas.