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Personagem / Psicanálise

Sigmund Freud: O judeu que revolucionou estudos sobre a mente humana

Há exatos 163 anos, nascia o fundador da psicanálise. Conheça algumas de suas ideias

Joseane Pereira Publicado em 06/05/2019, às 18h00

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Reprodução
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Complexo de Édipo, ato falho, inconsciente... Palavras como essas serão para sempre associadas a Sigmund Freud. Nascido no dia 6 de maio de 1856 no então Império Austro-Húngaro (atual República Tcheca), ele revolucionou o conhecimento sobre o ser humano ao criar a psicanálise — termo usado pela primeira vez em 1896.

Até então, curar pessoas com a conversa parecia um absurdo. Para espanto dos médicos e pacientes, até mesmo paralisias passaram a ser revertidas sem o emprego de remédios.

Freud, que iniciou seus estudos universitários na área da Filosofia, migrou para a Medicina e acabou se especializando em Fisiologia Nervosa. A obsessão pela sexualidade se mostrara desde cedo: a primeira pesquisa publicada por Freud foi sobre o funcionamento dos órgãos sexuais de enguias, Laboratório de Zoologia Marinha de Trieste, em 1876.

Estátua em homenagem a Freud na Universidade de Viena / Crédito: Reprodução

Freud e a cocaína

Antes de ficar mundialmente famoso, o neurologista foi um dos pioneiros no uso da cocaína como substância anestésica. Mas ele nunca atingiu resultados satisfatórios e acabou abandonando as pesquisas para ficar perto da noiva, Martha Bernays, a grande paixão de Freud até a morte, em 1939, em Viena.

De acordo com o psicanalista argentino Emilio Rodrigué, autor da biografia Sigmund Freud, o Século da Psicanálise, o médico vienense passou a consumir cocaína a partir dos 28 anos — e fez isso por mais de uma década. Não fosse seu ímpeto em elogiar a substância na fase inicial das pesquisas, teria lugar de honra na psicofarmacologia moderna, já que foi um dos pioneiros a experimentar e fazer registros científicos de psicoativos. No século 19, seu artigo Über Coca (Supercoca) sintetizou o clima de esperança dos cientistas com a nova droga.

No final do século 19, uma paciente de Freud morreu de overdose e, entre 1885 e 1990, novos relatos clínicos revelaram tudo o que a comunidade científica precisava saber para abandonar de vez o uso da cocaína como medicamento. A reputação de Freud só não foi destruída porque era impossível controlar os abusos que os pacientes cometiam em casa, mas, após essas ocasiões, o médico decidiu abandonar o uso de drogas e a hipnose em suas consultas.

Isso o levou a criar um novo método: a cura pela fala — a psicanálise, que utilizava a interpretação de sonhos e a livre associação como vias de acesso ao inconsciente. Mas quais são os principais aspectos da teoria que surgiu a partir de então?

Muito sobre os pensamentos de Freud pode ser desvendado por meio de suas cartas / Crédito: Reprodução

A importânica dos sonhos

Segundo o médico, o sonho é uma forma de expressão das emoções mantidas sob pressão durante o dia e que, durante a noite, conseguem vir à tona. Na maioria dos casos, as imagens oníricas são resultado de fantasias sexuais inconscientes, mas essas fantasias também podem se manifestar em fobias histéricas ou outros sintomas.

Em entrevista concedida em 1930, Freud afirma que tratou uma paciente que vomitava diariamente, sem que houvesse explicação biológica para isso. Com a análise, descobriu que o ato de vomitar estava relacionado a uma fantasia inconsciente que datava da puberdade: o desejo de estar continuamente grávida e ter inúmeros filhos. Ao pôr a comida para fora, era como se ela desse à luz todos os dias.

Desejos reprimidos

Freud acreditava que o desejo sexual era a energia que movimentava a existência humana. Seus escritos defendem que o ser humano é um animal dotado de razão imperfeita e influenciado por desejos e sentimentos, e que a contradição entre esses impulsos e a vida em sociedade gera um tormento psíquico: o homem vive a desejar, só não pode ter tudo aquilo que quer — e esse é o eterno embate entre os princípios do prazer e da realidade.

Mas esses desejos proibidos não desaparecem simplesmente porque não podem ser satisfeitos. Eles continuam à espreita, esperando um instante em que possam se realizar. Essa realização também pode ocorrer de maneira indireta - e normalmente ocorre.

Crédito: Reprodução

Deitado no Divã

Durante a sessão de psicanálise, o paciente promove uma série de associações livres falando sobre tudo o que vier à cabeça, por mais boba ou sem sentido que uma ideia pareça. Segundo Freud, a intenção é tentar acessar os conteúdos inconscientes, que deram origem àquele pensamento ou sonho que ele citou lá no começo da conversa. Daí o divã: quando se está deitado numa posição relaxada é mais fácil centrar-se em si mesmo.

Poder falar sobre algo que foi recalcado, barrado pela consciência, traz, sim, um grande alívio — trata-se da catarse. Mas esse entendimento súbito, chamado insight, não é suficiente. Por isso, a terapia psicanalítica pode ser longa. Ela tem por objetivo promover uma reestruturação na personalidade do indivíduo, cujas dificuldades se revelam a partir da própria relação com o analista, marcada por tensões como qualquer outra.

Vontades inconscientes

Um conceito importante na psicanálise de Freud são as parapraxias ou, como se diz no dia-a-dia, atos falhos, que acontecem quando falamos, escrevemos e até quando gesticulamos. Quem não se lembra de ter dito tchau numa ocasião que pedia uma saudação de chegada? Situações como essa acontecem quando nossos pensamentos inconscientes conseguem driblar a censura a que estão sujeitos e acabam vindo à tona, manifestando desejos reprimidos no dia a dia.