Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História

As origens do terrorismo islâmico

Uma suposta obra de caridade egípcia é a raiz do radicalismo atual

Wagner Barreira e Fábio Marton Publicado em 09/04/2017, às 00h00 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h35

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Militantes do Estado Islâmico na Síria - Reprodução
Militantes do Estado Islâmico na Síria - Reprodução

Desde o atentado às torres do World Trade Center, há 16 anos, ninguém parou mais de falar em fundamentalismo islâmico. Não é à toa: o número de atentados se multiplicou por dez desde então, em grande parte inspirado pela ação da Al Qaeda e a vingança pela muitas vezes discutível reação reação ocidental.  

Mas o radicalismo em nome de Alá começou muitos anos antes de as Torres Gêmeas terem sido erguidas. Foi na cidade egípcia de Ismailia, quando o acadêmico e professor Hassan al-Banna e mais 6 operários do Canal de Suez fundaram a Irmandade Muçulmana (IM), em março de 1928. "É da natureza do Islã dominar, e não ser dominado, impor suas leis sobre todas as nações e estender seu poder a todo o planeta", dizia Al-Banna.

O grupo cresceu rápido. Nos anos 1950, tinha 1 milhão de seguidores, num país com 18 milhões de habitantes. Entre os objetivos da Irmandade estavam a construção de escolas e hospitais. Mas havia outra agenda, que justificava o envio de militantes à Palestina do pós-guerra para combater o recém-criado Estado de Israel e o assassinato de autoridades egípcias. "Deus é nosso objetivo; o Alcorão, nossa Constituição, o Profeta (Maomé) é nosso líder; a Jihad (guerra santa) é nosso caminho e morrer pela glória de Deus é a maior de nossas aspirações." Era esse o lema da Irmandade.

E ele foi seguido ao pé da letra. Al-Banna foi assassinado em 1949 e o controle da IM caiu em mãos de radicais. Em janeiro de 1952, em retaliação a um ataque de forças britânicas a um quartel da polícia, a Irmandade coordenou um assalto ao Quarteirão Europeu do Cairo, que destruiu tudo que lembrava o Ocidente na cidade. Mais de 750 prédios ficaram em ruínas, e 20 mil pessoas, sem abrigo. "O Cairo cosmopolita estava morto", registra o jornalista Lawrence Wright em O Vulto das Torres. No mesmo ano, o general Gamal Abdel Nasser, com o apoio da IM, derrubou o rei Faruk. A questão é que Nasser era um nacionalista, não um defensor de um governo islâmico, e passou a reprimir o grupo.

No ano da morte de Al-Banna, o professor Sayyid Qutb, seu futuro sucessor, vivia nos EUA. E ele não gostou do que viu por lá. Uma de suas conclusões: o sexo é inimigo da salvação. "No início dos anos 1960, Qutb pregava uma guerra total contra todos os que não apoiassem as ideias do grupo", diz a historidora Isabelle Christine Somma de Castro, que estuda a Sociedade dos Irmãos Muçulmanos, o nome oficial da IM. Qutb foi enforcado em 1966. Um dos integrantes da Irmandade nessa época era o médico Ayman al-Zawahiri, de uma família de classe média alta egípcia. Para escapar da repressão do governo, ele buscou refúgio na Arábia Saudita. Ligou-se à Al-Qaeda e hoje, depois da morte de Osama bin-Laden, em 2 de maio de 2011, tornou-se seu líder. 

Cinco anos depois, Zawahiri continua ser o líder da Al-Qaeda - o grupo perdeu espaço na imprensa para o Estado Islâmico, que brotou da Al-Qaeda do Iraque, mas continua muito ativo na internet. Sua revista online Inspire é lida por fanáticos do mundo todo.