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Religião / Religião

"Todo abuso é uma monstruosidade", declara Papa Francisco

O Pontífice explicou que tem o dever de ouvir atentamente os gritos silenciosos

Redação Publicado em 26/02/2019, às 11h29

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Papa Francisco participa do encontro A Proteção dos Menores na Igreja - Getty Images
Papa Francisco participa do encontro A Proteção dos Menores na Igreja - Getty Images

Papa Francisco realizou um emocionante discurso contra os abusos sexuais a crianças e adolescentes ao final da concelebração eucarística neste final de semana no Vaticano, na Itália. 

Durante o encontro ‘A Proteção dos Menores na Igreja’, o pontífice da Igreja Católica reconheceu a gravidade dos abusos cometidos dentro do ambiente familiar, educacional e religioso. Mas celebrou, por outro lado, o fato dos casos estarem vindo à tona -- e julgados em diversos âmbitos.

“Apenas em tempos relativamente recentes, se tornou objeto de estudos sistemáticos, graças à mudança de sensibilidade da opinião pública sobre um problema considerado tabu no passado, ou seja, todos sabiam da sua existência, mas ninguém falava nele. [...] De facto, as vítimas raramente desabafam e buscam ajuda. Por trás desta relutância, pode estar a vergonha, a confusão, o medo de retaliação, os sentimentos de culpa, a difidência nas instituições, os condicionalismos culturais e sociais, mas também a falta de informação sobre os serviços e as estruturas que podem ajudar. Infelizmente, a angústia leva à amargura, e mesmo ao suicídio, ou por vezes a vingar-se, fazendo o mesmo. A única coisa certa é que milhões de crianças no mundo são vítimas de exploração e de abusos sexuais”, explicou Francisco.

Vítimas de abuso sexual realizam marcha em Roma
Vítimas de abuso sexual realizam marcha em Roma. FOTO: Getty Images

Em relação aos recentes casos denunciados dentro da Igreja, Francisco explicou que está diante do ‘mistério do mal’ e que medidas disciplinares e processos civis e canônicos devem ser aplicados aos abusadores. “A desumanidade do fenômeno, a nível mundial, torna-se ainda mais grave e escandalosa na Igreja, porque está em contraste com a sua autoridade moral e a sua credibilidade ética. O consagrado, escolhido por Deus para guiar as almas à salvação, deixa-se subjugar pela sua fragilidade humana ou pela sua doença, tornando-se assim um instrumento de satanás. Nos abusos, vemos a mão do mal que não poupa sequer a inocência das crianças. Não há explicações suficientes para estes abusos contra as crianças. Com humildade e coragem, devemos reconhecer que estamos perante o mistério do mal, que se encarniça contra os mais frágeis, porque são imagem de Jesus. É por isso que atualmente cresceu na Igreja a consciência do dever que tem de procurar não só conter os gravíssimos abusos com medidas disciplinares e processos civis e canônicos, mas também enfrentar decididamente o fenômeno dentro e fora da Igreja. Sente-se chamada a combater este mal que atinge o centro da sua missão: anunciar o Evangelho aos pequeninos e protegê-los dos lobos vorazes”, disse. 

O Papa considerou uma ‘monstruosidade’ os abusos cometidos e vê a ira de Deus como reflexo. “Quero repetir aqui claramente: ainda que na Igreja se constatasse um único caso de abuso – o que em si já constitui uma monstruosidade –, tratar-se-á dele com a máxima seriedade. Irmãos e irmãs: na ira justificada das pessoas, a Igreja vê o reflexo da ira de Deus, traído e esbofeteado por estes consagrados desonestos. O eco do grito silencioso dos menores, que, em vez de encontrar neles paternidade e guias espirituais, acharam algozes, fará abalar os corações anestesiados pela hipocrisia e o poder. Temos o dever de ouvir atentamente este sufocado grito silencioso”, explicou. 

Para julgar e evitar os novos casos de abuso, a Igreja passará a adotar as ‘Boas Práticas’ formuladas pela Organização Mundial da Saúde, que aprovou um pacote de medidas chamado INSPIRE, que são estratégias para acabar com a violência contra as crianças. “Valendo-se destas diretrizes, a Igreja, no seu percurso legislativo, graças também ao trabalho feito nos últimos anos pela Comissão Pontifícia para a Tutela dos Menores e à contribuição deste nosso Encontro, concentrar-se-á sobre as dimensões: 1) A tutela das crianças; 2) Seriedade impecável; 3) Uma verdadeira purificação; 4) A formação; 5) Reforçar e verificar as diretrizes das Conferências Episcopais; 6) Acompanhar as pessoas abusadas; 7) O Mundo digital; 8) Turismo sexual”, pontuou.