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10 coisas que podem matar e já foram usadas como remédio

Tabaco? Mercúrio? Cocaína? Essas nem são as piores

Redação Publicado em 04/10/2019, às 14h00

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Aparelho para fumantes em série - Reprodução
Aparelho para fumantes em série - Reprodução

Por muitos séculos, a medicina avançou basicamente por tentativa e erro. E quando o erro não ficava evidente logo após a tentaiva — o paciente cair duro na frente do médico — não era fácil de identificar. Afinal, o paciente estava prestes a morrer de um jeito ou de outro, quem iria imaginar que tratá-lo com mercúrio iria agilizar o processo?

1. Álcool

Crédito: Pixabay

O álcool causa dependência química pior que cocaína ou heroína — sua síndrome de abstinência, o delirium tremens,pode ser letal. Ironicamente, foram os árabes, proibidos de beber pela religião, que descobriram o álcool proveniente da cana. "Eles inventaram o alambique", afirma o historiador Ricardo Maranhão, da Universidade de Gastronomia Anhembi-Morumbi. A princípio, a bebida era usada para diluir os medicamentos, que não passavam de infusões ou chás misturados. Até 2001, tônicos para crianças — como o famoso Biotônico — eram tão fortes quanto vinho.


2. Açúcar 

Crédito: Pixabay

O grande vilão da epidemia de obesidade atual passou a fazer parte das receitas culinárias por volta do século 15, quando os portugueses investiram pesado no plantio da cana em suas colônias. Antes disso, era muito caro e não servia para adoçar bebidas e alimentos, tarefa que cabia ao mel. Seu uso está ligado à teoria dos humores e como eles se relacionavam aos 4 elementos. "O açúcar era utilizado somente para tratar doenças ligadas à fraqueza. Na Antiguidade, acreditava-se que a saúde dependia do equilíbrio de elementos quente, frio, úmido e seco do organismo, e o açúcar era o componente quente e energético", diz Ricardo Maranhão.


3. Refrigerante

Crédito: Pixabay

De mão dada com o açúcar, surgiu da invenção do americano John Pemberton (1831-1888), de Atlanta. Em 1886, ele pesquisava a cura para dores de cabeça e chegou a uma fórmula escura e espessa, contendo extrato de cocaína (veja abaixo). Levado à Jacob's Pharmacy, o xarope foi misturado a água gasosa e oferecido aos clientes, pela primeira vez, no dia 8 de maio — o copo de 237 ml custava 5 centavos de dólar. Logo a farmácia vendia nove copos diários. No começo, só dava para comprar na farmácia: lá ficavam as fontes de água carbonizada para misturar o xarope, que é o que vinha na garrafa.


4. Sangrias 

Crédito: Wikimedia Commons

A teoria dos humores dizia que a saúde humana se baseava no equilíbrio de quatro substâncias: bile negra, bile amarela, fleuma e sangue. Tirando pela última, não está claro o que são as outras. Mas a solução para o excesso de sangue era conhecida: tirá-lo do corpo. A prática começou com Hipócrates, no século 5 a.C., que acreditava que a menstruação era um processo natural para as mulheres se purificarem e resolveu importá-la para os homens. Quanto mais grave a doença, mais sangue era tirado, e, se o paciente desmaiasse — o que ocorre com perda de 30% do sangue, cerca de 1,5 l, levando a um estado de choque — isso era considerado um bom sinal. Como em vários tratamentos antigos, se desse errado, a culpa era da doença, não da teoria. 


5. Cocaína

Crédito: Wikimedia Commons

O pó de Escobar é um anestésico local e também um estimulante de ação rápida, que é a razão porque se tornou uma droga recreativa. No século 19, foi usada para essas duas funções — como no remédio para dor de dente anunciado com crianças acima, e no vinho de coca — uma das marcas, o Vin Mariani, tinha ninguém menos que o papa como garoto propagada. Freud era um entusiasta, escreveu sobre cocaína positivamente e chegou a recomendá-la a seu amigo Ernst von Fleischl-Marxow, para tratar seu vício em heroína. Para a surpresa de ninguém hoje, não deu certo.


6. Heroína

Crédito: Wikimedia Commons

Sintetizada pela primeira vez em 1874, mas só chegando ao mercado em 1897, a diacetilmorfina é 150% mais potente que a morfina nasceu em laboratórios. A Bayer patenteou o nome e passou a vendê-la como uma versão menos viciante da morfina, cuja epidemia de viciados então vista como um sério problema social. A mentira foi espalhada por mais de duas décadas, até ser proibida na década de 1920. Era vendida como analgésico e tratamento para a tosse, porque desacelera a respiração. E a verdade é que não foi aposentada: países como a Inglaterra ainda fabricam heroína para casos extremos, como câncer terminal.


7. Radiação

Crédito: Wikimedia Commons

A radiação foi descoberta em 1895, por Wilhelm Röntgen. Já no ano seguinte, médicos começaram a fazer experimentos com raios X. Como ninguém ainda sabia dos perigos dessas ondas, charlatões passaram a produzir remédios usando a força misteriosa, prometendo energia, rejuvenescimento e - suprema ironia - a cura do câncer. Em 1932, o industrial Eben Byers morreu de tumores múltiplos, que o desfiguraram, após tomar 1 400 garrafas de uma CERTA emulsão Radithor, recomendada por seu médico. O Wall Street Journal noticiou assim sua morte: "A água de rádio funcionou bem... até sua mandíbula cair".


8. Mercúrio

Crédito: Reprodução

Essa não é muito segredo para quem ainda lembra do Merthiolate e o Mercurocromo. Metal que se mantém em estado líquido em temperatura ambiente, e ainda assim é extremamente pesado, o mercúrio fascinava os alquimistas e era prescrito como um elixir para quase tudo. Alquimistas chineses recomendaram mercúrio ao imperador Qin Shi Huang como um elixir da vida eterna - com efeito oposto. No século 19, uma pílula com 30% de mercúrio chamada de massa azul, recomendada para prisão de ventre, tuberculose, parasitas intestinais e dores do parto. Sífilis era tratada com mercúrio a demência relacionada à ela vinha também ou principalmente do remédio. Hoje se sabe do efeito letal da acumulação de metais pesados, e as fórmulas originais dos velhos tratamentos para arranhão no joelho foram proibidas. 


9. Tabaco

Crédito: Pixabay

Matando até 3 milhões de pessoas por ano, é a substância recreativa mais letal conhecida pela humanidade. Na América de onde é nativo, era considerado uma panaceia que curava doenças de pele, indigestão, dor de cabeça, febre, fome, sede e picada de cobra, só para citar alguns. O termo nicotina vem de Jean Nicot, embaixador francês em Portugal que, no século 16, propagou a erva por toda a Europa, como remédio até para câncer. Também acreditava-se ser capaz de curar bronquite e outros problemas respiratórios. Era usado em pastas, na forma líquida e também fumaça, baforada nas feridas ou até por via retal. Só na segunda metade do século 20 seus efeitos negativos foram comprovados.


10. Cadáveres

Crédito: Pixabay

Comer um corpo humano pode levar ao contágio por doenças do morto e também causar encefalite espongiforme (a doença da vaca louca), que atingia provos antropófagos. Os europeus podiam condenar os canibais no Novo Mundo mas, na mesma época, ingeriam outros seres humanos liberalmente, só que em pílulas e por razões médicas. Carne humana seca em pó, pó de múmia, gordura humana, pó de ossos e sangue fresco, tudo isso o que vinha dos mortos era considerado capaz de curar os vivos. O povo se juntava em torno de condenados à morte para recolher seu sangue. Um campo de batalha cevado de corpos era a feira livre para o alquimista farmacêutico.