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Matérias / Guerras

Do Exército Vermelho a Marinha de Napoleão: 10 exércitos que mandaram crianças para a guerra

Muitos exércitos tiveram integrantes juvenis cuja infância foi cortada pelo combate sangrento

André Nogueira Publicado em 28/02/2020, às 10h00

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Crianças no Exército Vermelho, da União Soviética - Domínio Público
Crianças no Exército Vermelho, da União Soviética - Domínio Público

1. Sérvia, Primeira Guerra Mundial

No país onde a guerra começou, um jovem rapaz de nome Momcilo Gavric, conhecido como Cavaleiro Sérvio, se alistou no exército com oito anos de idade, após ter toda sua família morta por ataques austro-húngaros. Com o sentimento mútuo de abandono e  vingança, Momcilo largou a casa destruída pelo ataque inimigo e se encaminhou à Sexta Divisão da Artilharia do Exército Sérvio.

Crédito: Domínio Público

Mesmo parecendo insana a vontade de vingança do jovem rapaz, sua história comoveu o suficiente o major Stevan Tucovic, que concedeu a Gavric a ingressão nas Forças Armadas. O garoto esteve presente em diversas batalhas e ocupou as trincheiras até o final da Primeira Guerra. Tornou-se, após as batalhas de Kolubara e Kajmakcalan, o cabo mais jovem do mundo.


2. Rússia czarista

Essa é a trágica história dos cantonistas judeus da Rússia. Estes eram os meninos que, a partir dos 12 anos de idade, eram convocados pelo exército do czar, principalmente durante a Guerra da Crimeia. Muitas dessas pessoas eram encaminhadas às academias militares, onde eram treinadas para servir por até 25 anos.

Crédito: Domínio Público

Uma das principais razões para a existência desses cantonistas nas forças armadas era uma superstição de Nicolau, que acreditava que as crianças judias deveriam servir para, desde cedo, serem suscetíveis às influencias externas e se desenvolverem diferente de um estilo de vida fechado em comunidade. Muitos deles tinham que sobreviver antes às condições da vida militar e só depois à batalha campal.


3. Marinha Real de Napoleão

Conhecidos como Macacos em Pó (Powder monkeys), essas crianças cumpriam um papel essencial nas Guerras Napoleônicas, garantindo o suprimento de pólvora continuamente nos canhões franceses, em plena batalha. Ou seja, era um trabalho perigoso e com alto risco de prejuízos devastadores. Por ser um trabalho mais processual e logístico do que a voracidade eufórica da artilhara, o uso de crianças para essa função era banalizado.

Crédito: Domínio Público

Em geral, a marinha francesa guardava a pólvora numa câmara de armazenamento selada que ficava na altura da linha de flutuação do navio. O transito da pólvora, do armazém até as buchas na batalha, ficava na mão dos Macacos, que usualmente sofriam com graves acidentes.


4. Guerra Civil Espanhola

O General Francsco Franco possuia uma máxima: “É necessário espalhar o terror. Temos que criar a impressão de domínio, eliminando sem escrúpulos ou hesitação todos aqueles que não pensam como nós”. E foi isso que aconteceu na Guerra Civil, um prelúdio da desgraça da Segunda Guerra Mundial em que milhares foram trucidados em nome de um desejo golpista de poder.

Crédito: Domínio Público

Um dos fenômenos mais desgastantes dessa Guerra é retratado em Homenagem à Catalunha, do jornalista George Orwell. No livro, Orwell descreve que as crianças-soldados de Monte Pocero formavam uma milícia de garotos, aos seus 12 ou 13 anos, que fugiam das áreas dominadas pela Falange franquista. Em geral, essas crianças eram empregadas em trabalhos leves e na retaguarda. Porém, quando iam para a linha de frente, esses jovens geravam um terror: as vezes a falta de noção proporcionava situações de alto risco, inclusive para o inimigo.


5. Fileiras Cinzentas da Polônia, Segunda Guerra

O Szare Szeregi, conhecido também como Fileiras Cinzentas, era uma associação escotista paramilitar que participou da Revolta de Varsóvia, servindo como suporte de mensagens pelo subterrâneo, a partir de 1944. O grupo também contribuiu para a preparação e organização do levante ocorrido a Varsóvia, entregando armas à população. Um exemplo é o de Irena Polkowska-Rutenberg, que carregou armas fornecidas aos judeus do gueto com apenas 14 anos.

Crédito: Domínio Público

Em geral os jovens que integravam ao grupo paramilitar tinham entre 12 e 14 anos, lutando nos bastidores do levante ou ao lado dos partisans poloneses. Estima-se que cerca de nove mil crianças perderam a vida em lutas contra a ocupação nazista na capital.


6. Exército Vermelho

Uma antiga tradição dos militares soviéticos era adotar crianças órfãs pelo serviço militar, integrando-as às equipes de artilharia e assalto. O caso era tão dramático que se estima que mais de 25 mil soldados que lutaram na linha de frente da guerra entre URSS e Alemanha tinham entre 6 e 16 anos.

Conhecidos como Filhos do Regimento, essas crianças não eram sequer tratadas como tal, sendo encarregadas de missões que não viam faixa etária, como carregar metralhadoras no campo de batalha ou disparando granadas, operando rádios e auxiliando na enfermaria.

Crédito: Domínio Público

Um caso icônico desses jovens é o da menina de 13 anos Marija Makarova, cuja família foi morta durante a guerra. Marija mentiu a idade e o sexo e ingressou na unidade do exército especializada em fuzis (316ª Divisão), comandada pelo major-general Ivan Paniflov. Ao Paniflov perguntar "Ei, rapaz, como é o seu nome?", ela respondeu: "Eu não sou um rapaz, sou um soldado".


7. Juventude Hitlerista

A Juventude de Hitler foi essencial na ascensão social do nazismo, pois era uma forma abertamente doutrinária de ingressar os jovens no Partido, na ideologia da violência e na estrutura militar. Em 1935, apenas dois anos após Hitler assumir o governo, 60% dos jovens da Alemanha ingressavam nessa comunidade. O governo apoiava veementemente a formação dessa Juventude, e não parou de investir nela nem durante a Guerra.

Crédito: Domínio Público

Muitas lideranças da Juventude Hitlerista, inclusive, foram para a Guerra e membro de 16 anos assumiam posições de liderança dentro da organização. Quando a Alemanha começou a perder a Guerra, muitos focaram na JH, que integrou, com mais de 10 mil recrutas, as Divisões Panzer.


8. Frente Unida Serra Leoa

Durante a Guerra Civil de Serra Leoa, muitas atrocidades foram cometidas. Um dos eventos relatados mais chocantes foi a linha de frente da Frente Unida Revolucionária composta de violentas e agitadas crianças-soldados. Muitas delas órfãs, essas crianças entravam na guerra muitas vezes por ameaças ou promessas de grandes recompensas.

Crédito: Divulgação

“Alguém sendo baleado na sua frente ou você mesmo atirando em alguém se tornou como beber um copo de água. As crianças que se recusavam a lutar, matar ou demonstravam alguma fraqueza eram tratadas sem piedade. Emoções não eram permitidas.” Foi o que relatou Ishmael Baeh, uma dessas crianças. Muitas delas sofrem com abusos físicos e psicológicos.


9. Exército de Resistência do Senhor, Uganda

Liderado por Joseph Kony, esse grupo militar sectário cristão aterroriza o norte da Uganda há trinta anos, tentando derrubar o governo. Desde que Kony perdeu parte substancial de seu apoio, ele apelou para o uso de crianças na linha de frente. Além disso, o projeto de submissão para essas crianças implica no grupo forçar que esses membros estuprem e assassinem membros da própria família. Funcionando a base de pilhagem, esse Exército rebelde tornou a vida dessas crianças ainda mais insalubres.

Crédito: Divulgação

Muitas lideranças do Exército passam por processos, inclusive legais, por seus crimes de guerra e abusos. Sequestros, violências, agressões e escravidão sexual são alguns elementos que compõem o sofrimento da maioria desses jovens que perdem a vida na guerra.


10. Guerra Civil do Sri Lanka

Durante a Guerra do Sri Lanka, que durou 25 anos, tornou-se comum o sequestro de crianças que eram integradas às linhas de artilharia em ambos os lados da disputa. A UNICEF estima que ao menos seis mil crianças tenham passado por isso até 2003. Passando por um forte processo de doutrinação, principalmente entre os Tigres Tâmeis, o Batalhão de Bebês era, muitas vezes, o mais temido e brutal.

Crédito: Divulgação

Com o fim da Guerra, e com a necessidade de uma reintegração social dessas crianças abusadas pela disputa, o governo do Sri Lanka organizou campos de reabilitação sob o comando do major-general Daya Ratnayake, que tem como principal compromisso fazer com que os jovens tenham suas infâncias devolvidas e a vida mais normal possível.


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