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Matérias / Personagem

119 dias à deriva: Os amigos que atravessaram o Atlântico em um carro de ferro velho

Unidos por uma causa nobre, os jovens utilizaram veículos nada convencionais para um feito histórico no Oceano

Wallacy Ferrari

por Wallacy Ferrari

wferrari@caras.com.br

Publicado em 02/07/2020, às 08h18

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Juntos sobre um carro, os amigos posam para fotografia na chegada - Divulgação / autonauti.it
Juntos sobre um carro, os amigos posam para fotografia na chegada - Divulgação / autonauti.it

20 anos atrás, uma causa nobre seria a motivação de dois jovens italianos para realizar um dos feitos mais arriscados que um ser humano já executou. Inicialmente em quatro amigos, Marco Amoretti, na época com 24 anos, junto de seus dois irmãos e do melhor amigo, Marcolino Candia, com 21, decidiram prestar uma homenagem a Giorgio Amoretti, pai do idealizador do plano.

Giorgio foi um ativista italiano que realizou diversos feitos acrobáticos buscando dar luz a causas sociais no país. Em 1999, o homem descobriu um câncer e recebeu o veredito de que teria, no máximo, seis meses de vida. Abalados com a notícia, seus filhos decidiram homenageá-lo o mais rápido possível, realizando um feito extremo e dedicando o mesmo aos protestos do pai.

Ainda no mês do diagnóstico, Marco e os irmãos adquiriram dois carros em ferros-velhos e vedaram os mesmos para a impossibilidade de entrar água em sua estrutura. Assim que pronto para ser instalado na água, Giorgio foi convidado para a viagem final, porém, impossibilitado por sua condição médica, orientou que apenas os filhos fossem. Em 4 de maio de 2000, iniciava uma das expedições mais radicais da história.

Os dois carros à deriva em fotografia tirada por Marcolino / Crédito: Divulgação / autonauti.it

À deriva em um Monza

Equipados com velas e munidos de suprimentos para quatro pessoas, os tripulantes se uniram nas Ilhas Canárias e uniram os veículos com uma corda, de maneira que fizesse uma filha de embarcações. O destino final seria no Caribe, no outro lado do Oceano Atlântico, há cerca de 5 mil quilômetros de distância. Além das ferramentas de sobrevivência, os jovens ainda tinham diversas baterias, equipamentos de filmagem e um telefone celular via satélite.

No décimo dia, no entanto, um mau tempo, há cerca de 500 quilômetros da costa de onde partiram, pôs em risco a vida dos passageiros, com os dois irmãos de Marco solicitando o resgate por helicópteros. Mesmo com a desistência, Marco e Marcolino prosseguiram, manifestando bom-humor pelo espaço maior e a garantia de suprimentos para os dois restantes.

Apesar da repetição dos dias em espaço minúsculo e uma paisagem quase idêntica, a expedição não foi entediante de acordo com Amoretti, em depoimento ao portal Autonauti: “Em casa, o chão está parado, sem se mexer. É muito fácil fazer tudo, mas no carro é o dobro do tempo para fazer tudo. Para viver, cozinhar, para manter tudo funcionando, você leva quase o dia todo. Eu não tinha muito tempo livre”

Os garotos reunidos em fotografia em cima do carro no mar / Crédito: Divulgação / autonauti.it

A dificuldade e volta para casa

Depois de dois meses, o celular quebrou, impossibilitando qualquer contato dos rapazes com o mundo exterior. Ao mesmo tempo que perdia a comunicação com agentes de segurança e com a família, o estado de saúde de Giorgio piorava. Ainda no mar, Marco conseguiu consertar o aparelho telefônico, mas não foi informado sobre o progresso da enfermidade até que o filho estivesse seguro.

Após quase quatro meses, o contato foi retomado, porém, sem notícias boas; o pai do navegador havia falecido, antes de completar a missão. "Na última semana, tão perto da vitória, fiquei feliz e não feliz", disse Amoretti. Após 119 dias, a arriscada missão foi concluída, com ambos se instalando em La Martinica. Por lá ficariam durante um mês, onde juntariam ainda mais suprimentos e fundos para prosseguir com a homenagem.

Porém, os rapazes esperavam que o feito fosse notado pela imprensa e que os mesmos seriam recepcionados para propagar o valor social da missão; do contrário, sem fundos para a instalação de um motor, não seguiram para Cuba, nem aos Estados Unidos, retornando à Itália. Hoje, Marco planeja uma reedição da viagem, mas avalia propostas de documentaristas para que, dessa vez, o feito seja notado.


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