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Matérias / Curiosidades

22 anos atrás, Blockbuster teve a oportunidade de comprar a Netflix, mas recusou negócio

Atual poderoso serviço de streaming quase foi vendido para a Blockbuster

Redação Publicado em 25/04/2022, às 13h51

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Montagem mostrando fachada da última Blockbuster do mundo, e fachada de escritório da Netflix em Los Angeles - Divulgação/Airbnb/ Netflix
Montagem mostrando fachada da última Blockbuster do mundo, e fachada de escritório da Netflix em Los Angeles - Divulgação/Airbnb/ Netflix

Nos anos 2000, o processo de assistir um filme do conforto de casa era muito diferente do atual. Enquanto hoje podemos abrir nosso serviço de streaming de preferência e rolar o catálogo para baixo até achar uma produção que pareça interessante, naquela época era preciso se locomover até uma locadora para alugar uma fita de VHS ou DVD.

E ninguém era maior nesse ramo do que a Blockbuster — sua última loja, localizada em Oregon, nos EUA, tem como principal produto a nostalgia de permitir que clientes revisitem o passado.

A última blockbuster do mundo em Oregon / Crédito: Divulgação/Instagram

Naquele período, no entanto, ninguém desconfiava da falência inevitável que se abateria sobre a gigante da locação de filmes e jogos.

A Netflix, por outro lado, que atualmente é conhecida internacionalmente e possui uma receita anual de 30 bilhões de dólares, era um negócio pequeno e passando por dificuldades, conforme repercutido pelo The Independent em uma matéria de fevereiro deste ano.

Esse cenário radicalmente diferente permitiu que se desenrolasse um acontecimento curioso: a reunião em que os executivos da Blockbuster acharam graça da ideia de comprar aquela que viria a se tornar a maior plataforma de streaming do mundo. Um erro de cálculo que, como sabemos, custaria o futuro da companhia. 

O peculiar episódio foi recontado por Marc Randolph, cofundador e primeiro CEO da Netflix, em seu livro "Isso nunca vai funcionar", uma obra de 2019 que relembra os primeiros anos da empresa. 

Tempestade antes da bonança

Em seus primórdios, a empresa consistia em um serviço de assinatura que enviava filmes para seus clientes pelo correio. Essa premissa, no entanto, não era lucrativa o suficiente para ser sustentável.

Fotografia de DVD enviado pela Netflix durante seu início / Crédito: Divulgação/ BlueMint/ Arquivo Pessoal

Para piorar, em março dos anos 2000, a bolha especulativa que havia se formado ao redor das empresas de tecnologia dos Estados Unidos passou por um estouro, levando à quebra de ao menos 500 companhias que atuavam majoritariamente na internet (então ainda uma novidade). O acontecimento foi relembrado por uma matéria recente do portal Infomoney. 

Não era um bom período para a Netflix, e seus fundadores, Reed Hastings e o já citado Marc Randolph

Neste cenário desfavorável, a ideia de vender a marca para a Blockbuster era encarada como uma verdadeira salvação.

Dessa forma, após meses tentando arranjar uma reunião com os executivos da poderosa empresa, quando eles finalmente conseguiram marcar um horário, chegaram a fretar um avião particular para garantir que chegariam a tempo. 

Segurando o riso

Devemos unir forças. Vamos administrar a parte online do negócio combinado. Vocês vão se concentrar nas lojas. Encontraremos as sinergias que advêm da combinação, e será realmente um caso de o todo ser maior que a soma de suas partes", discursou Hastings na ocasião, de acordo com um trecho do livro de Randolph que foi divulgado pela Vanity Fair. 

A despeito de seus esforços, todavia, o encontro de negócios foi um fracasso. John Antioco, que era o CEO da Blockbuster, não via futuro para aquelas que eram então conhecidas como "empresas pontocom". 

De qualquer maneira, seu braço direito, Ed Stead, acabou perguntando qual era o valor pelo qual os cofundadores da Netflix queriam vendê-la. Eles disseram "50 milhões de dólares", uma quantia muito distante do valor que a plataforma de streaming movimenta hoje.

Fotografia meramente ilustrativa / Crédito: Divulgação/ Pixabay/ Tumisu

Na época, porém, a proposta soou absurda aos ouvidos dos administradores da gigante de locação de filmes. Conforme revelou Randolph em seu livro de memórias, o poderoso Antioco, que até aquele ponto do encontro havia mantido uma postura profissional, teve naquele momento uma reação muito distinta, que ficou gravada em sua mente: 

Vi algo novo, algo que não reconheci, sua expressão séria foi ligeiramente desequilibrada por uma curva no canto da boca. Era minúsculo, involuntário e desapareceu quase imediatamente. Mas assim que vi, soube o que estava acontecendo: John Antioco estava lutando para não rir”, narrou ele, ainda de acordo com o The Independent.

Quem realmente saiu perdendo daquele escritório, no entanto, é algo que apenas ficou claro anos depois, quando a Netflix se tornou líder de um mercado em expansão vertiginosa.