Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Matérias / Personagem

23 anos presa por um crime que diz não ter cometido: a história de Tyra Patterson

Em 1994, a norte-americana foi acusada de homicídio, contudo, apesar de ter sido liberada da prisão, suas condenações não foram anuladas e a mulher ainda luta por justiça

Penélope Coelho Publicado em 02/12/2020, às 12h15

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Tyra Patterson durante palestra - Divulgação/Youtube/Department of English, Arizona State University 14 de mar. de 2019
Tyra Patterson durante palestra - Divulgação/Youtube/Department of English, Arizona State University 14 de mar. de 2019

Desde a infância, a vida da norte-americana de Ohio, Tyra Patterson, não foi fácil. Ainda menina, ela já sabia o poder que a injustiça social tinha sob os menos favorecidos. Aos 11 anos de idade, Patterson já não frequentava mais a escola e não aprendeu a ler ou escrever. 

De acordo com a CNN, ela cresceu em um bairro perigoso, mas, não poderia imaginar que o ambiente em que estava envolta acabaria sendo a chave de partida para uma condenação de homicídio. Ela também não imaginava que passaria 23 anos de sua vida em uma prisão, por um crime não cometido.

Tyra Patterson em fotografia atual / Crédito: Divulgação/OJPC

O pesadelo

A norte-americana viu sua vida mudar por completo aos 19 anos de idade, no ano de 1994, diante do assalto que resultou na morte da jovem Michelle Lai, de 15 anos. Na ocasião, Petterson e uma amiga estiveram casualmente com um grupo de cinco pessoas, que participariam do roubo.

De acordo com Tyra, ela não conhecia todos que participaram do roubo, apenas duas pessoas que não eram tão próximas. Também afirma que não colaborou com o crime, mas, que testemunhou o ocorrido e não conseguiu impedir que aquilo acontecesse.

Com medo de se envolverem, foram até o apartamento de Petterson, local próximo ao beco onde o crime aconteceu. Conforme o advogado da mulher explicou à CNN, a norte-americana encontrou um colar no chão e decidiu guardar o objeto. O que seria uma péssima decisão. Isso porque em casa, o pior aconteceu: ela escutou tiros e desesperada, acionou a polícia.

Com o intuito de ajudar a solucionar o crime, a mulher foi voluntariamente até a delegacia para prestar depoimento, sem o auxílio de um advogado ou nenhuma instrução.

Após duas horas conversando com as autoridades, Tyra confessou o roubo do colar. Contudo, a mulher afirma que foi forçada a dizer aquilo apenas por estar com o item. 

Ali, a jovem foi algemada e acusada de homicídio. Seu interrogatório, entretanto, jamais foi mostrado por completo. Somente os 10 minutos onde a mulher confessa o roubo foram registrados.

“Ela foi acusada de homicídio com base na doutrina do crime doloso, que permite uma acusação de homicídio baseada na prática de um crime grave por uma pessoa durante o qual ocorre a morte”, explicou o advogado ao veículo de notícias.

23 anos presa

"Mas eu não fiz isso!", essas foram às palavras gritadas por Tyra após o júri anunciar o veredito em dezembro de 1995. Patterson foi condenada e acusada por roubo e homicídio qualificado, com a sentença de 43 anos de prisão.

Apesar de extremamente triste com a condenação, ela decidiu usar seu tempo na prisão para melhorar seus conhecimentos. Foi em cárcere que a mulher aprendeu a ler e escrever e passou a estudar com afinco.

Na cadeia, ela se tornou tutora do ensino médio e era chamada de ‘advogada’, já que recebeu uma licença técnica.  

Além de focar em sua educação, a prisioneira também se voltou para a arte a fim de escapar um pouco da triste realidade que vivia. Foi assim que ela permaneceu 23 anos na cadeia, alegando todos os dias não ter matado ninguém.

Entretanto, em 2017, as coisas começaram a mudar para Tyra. A irmã da vítima, Holly Lai Holbrook, escreveu uma carta para o então governador de Ohio, dizendo que não acreditava mais que Patterson havia participado do crime ou da morte de Michelle Lai.

No documento, Holly afirma se lembrar de pedir ajuda para a então condenada na noite do tiroteio e disse que a mulher nunca esteve envolvida no roubo.

“Eu me sinto mal por Tyra estar na prisão por tanto tempo por crimes que agora acredito que ela não cometeu [...] Quero me concentrar no que posso fazer para ajudar a obter a liberdade de Tyra e corrigir o erro que ela sofreu. É por isso que estou escrevendo esta carta [...] Por muito tempo, não quis apoiar publicamente a libertação de Tyra porque estava com medo e tensa sobre como minha família reagiria. Mas decidi que o mais importante é dizer a verdade sobre como me sinto”, escreveu.

A luta continua

Em dezembro 2017, a ex-presidiária saiu da prisão em liberdade condicional. Depois de 23 anos, ela passou o natal com sua família novamente. Atualmente, como uma mulher livre, Tyra dá palestras sobre condenações injustas e encarceramento, além de trabalhar em comunidades e educar os jovens sobre o sistema jurídico criminal.

Tyra Patterson durante palestra / Crédito: Divulgação/Arquivo Pessoal 

Reconhecida por seus atos, Patterson ganhou um diploma de bacharel honorária da Academia de Arte de Cincinatti em 31 de outubro deste ano, após ser surpreendida enquanto realizava um discurso para os alunos que estavam se formando na ocasião.

Contudo, a luta da norte-americana ainda está longe de acabar, ela permanecerá em liberdade condicional até 25 de dezembro de 2022.

A mulher continuará sendo uma ‘assassina’ e ‘ladra’ pela justiça — já que suas condenações não foram anuladas. Por isso, enquanto trabalha para tentar limpar seu nome, Tyra auxilia os jovens de comunidades, para que eles não passem pelo mesmo infortúnio que ela passou.


+Saiba mais sobre o tema através das obras abaixo, disponíveis na Amazon:

O sol ainda brilha: A história real do homem que passou 30 anos no corredor da morte por crimes que não cometeu, de Anthony Ray Hinton (2019) - https://amzn.to/37JVInf

Estarão as prisões obsoletas?, Angela Davis (2018) - https://amzn.to/31UXctz

Presos que menstruam: A brutal vida das mulheres - tratadas como homens - nas prisões brasileiras, Nana Queiroz (e-book) - https://amzn.to/2SQJHHs

As prisões da miséria, Loïc Wacquant (2001) - https://amzn.to/2SriHyW

Vale lembrar que os preços e a quantidade disponível dos produtos condizem com os da data da publicação deste post. Além disso, a Aventuras na História pode ganhar uma parcela das vendas ou outro tipo de compensação pelos links nesta página.

Aproveite Frete GRÁTIS, rápido e ilimitado com Amazon Prime: https://amzn.to/2w5nJJp

Amazon Music Unlimited – Experimente 30 dias grátis: https://amzn.to/2yiDA7W