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Matérias / Crimes

30 milhões e confusão política: o enigmático sequestro do empresário Abilio Diniz

Fundador do grupo responsável pelas maiores redes varejistas do país, o homem sofreu agressões em uma angústia de seis dias

Wallacy Ferrari Publicado em 11/07/2020, às 09h00

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Abílio durante a negociação no basculante (à esq.) e quando foi liberto (à dir.) - Divulgação/YouTube/Pedro Janov/16.06.2019
Abílio durante a negociação no basculante (à esq.) e quando foi liberto (à dir.) - Divulgação/YouTube/Pedro Janov/16.06.2019

Enquanto se dirigia ao trabalho na manhã de 11 de dezembro de 1989, o empresário Abilio Diniz não conseguiu concluir o trajeto. Uma ambulância parou na frente de seu carro, impossibilitando a passagem por completo. O que se parecia inicialmente como um problema durante uma emergência, na verdade, era o maior susto de sua vida.

Da ambulância, falsificada em um Chevrolet Caravan, desceram homens armados com revólveres e fuzis, rendendo e levando o varejista ao carro. Entre o cruzamento no Jardim Europa e o bairro do Jabaquara, o empresário chegou a tentar a luta corporal, mas conseguiu ser conduzido até o cativeiro em frente à Praça Hachiro Miyazaki.

Ao conseguir contato com a família, o grupo de sequestradores solicitaram US$ 30 milhões, além de se identificarem como membros do MIR (Movimento da Esquerda Revolucionária). Ao longo de uma investigação criteriosa, uma nota fiscal em nome de um dos criminosos conseguiu levar a polícia ao endereço, iniciando uma cansativa negociação.

Familiares comemoram, na janela vizinha, o resgate de Diniz / Crédito: Divulgação/YouTube/Pedro Janov/16.06.2019

Do medo a paz

Durante seis dias, o empresário ficou na residência com uma alimentação mínima, intimidação constante e até agressões físicas. Sem banheiro ou água encanada, foi instalado no subsolo em um quarto de três metros quadrados, com a ventilação passando por um duto improvisado, com luzes ligadas durante o dia todo. Com apenas uma banqueta e um colchão, o varejista não tinha noção de dias, períodos ou comunicação externa.

Cientes de que Abilio era um atleta e costumava frequentar academias, as trancas e suportes foram reforçados para que não houvesse uma tentativa de escape ou de uma segunda luta corporal. Em um dos quartos, os sequestradores chegaram a adquirir e armazenar um caixão, em caso de falecimento da vítima. No terceiro dia, a equipe policial chegou ao local e iniciou as negociações com o auxílio do próprio sequestrado.

Após mais de 130 horas, a negociação foi concluída pelo cardeal dom Paulo Evaristo Arns, então Arcebispo da Arquidiocese de São Paulo, que garantiu a segurança e benção de todos os presentes no cativeiro, de maneira que saíssem com segurança. As 17h, os sequestradores foram levados para um ônibus e Abilio saía andando lentamente, abraçado por amigos, após o pagamento do valor solicitado.

Jornal relata, no dia seguinte a conclusão, o encontro de itens partidários / Crédito: Divulgação/Estadão/17.12.1989 

Crime político?

Alguns fatos distintos fizeram o crime ser relacionado a fatores políticos; com o sequestro concluído na véspera do segundo turno da eleição presidencial, disputada por Fernando Collor de Melo e Luiz Inácio Lula da Silva, a polícia revelou que os membros do MIR — 2 argentinos, 2 canadenses, 5 chilenos e 1 brasileiro — tinham material de propaganda do PT em um apartamento atribuído a um dos membros.

Com bandeiras, camisetas e sacolas estampando o partido petista, diversos jornais do país noticiaram uma associação da organização política com os criminosos. Tal fator adicionou ainda mais polêmica às eleições de 1989; por um lado representantes do partido petista alegaram que não tinham conexão com o ato e que o material foi espalhado de maneira depreciativa por autoridades.

O então Ministro da Justiça Saulo Ramos chegou a levantar a hipótese de que o material foi instalado para que os criminosos se beneficiassem da lei de crimes com motivação política e evitassem penas maiores. A investigação concluiu que o partido não interviu no crime. Todos os 10 sequestradores foram presos, com os nove estrangeiros extraditados.


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