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Matérias / Personagem

335 dias com covid-19: A história de uma sobrevivente da pandemia

Ainda mais impressionante que o período que a mulher passou com o vírus em seu sistema é o fato que ele passou por mutações enquanto estava dentro dela

Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 23/10/2021, às 08h00

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Fotografia meramente ilustrativa, sem conexão com o caso - Divulgação/ Pixabay/ Parentingupstream
Fotografia meramente ilustrativa, sem conexão com o caso - Divulgação/ Pixabay/ Parentingupstream

No estado norte-americano de Maryland, uma mulher que era imunocomprometida, isto é, com um sistema imunológico enfraquecido, assim sendo mais suscetível a infecções, contraiu covid-19 em 2020. 

Ela ainda não sabia, mas era o início de uma longa jornada de luta. A norte-americana de 47 anos, que não teve sua identidade divulgada, era uma sobrevivente de câncer de sangue.

O tratamento que a tinha curado três anos antes, infelizmente, também foi o responsável por reduzir o número de células B no seu organismo. São essas as estruturas que produzem os anticorpos encarregados de defender o sistema de invasores tais como o coronavírus. 

O caso da paciente particularmente vulnerável ao microrganismo foi divulgado por um estudo publicado na MedRxiv no início deste mês de outubro, conforme repercutido pelo Science News, Live Science e The Independent.

O motivo pela qual a situação enfrentada por pela mulher foi acompanhada de perto por especialistas é que ela passou nada menos que 335 dias com o agente patogênico circulando em seu corpo, assim possivelmente estabelecendo um recorde, inclusive. 

Encarando a covid-19

Fotografia meramente ilustrativa do coronavírus / Crédito: Divulgação/ Pixabay/ BlenderTimer

Apesar do longo período de contaminação, um detalhe importante é que a paciente de 47 anos não apresentou um quadro grave de covid-19 no geral. 

Durante dez meses, por exemplo, ela apenas sofreu com sintomas leves — isso quando tinha qualquer sintoma — de forma que a doença não ofereceu obstáculos consideráveis ao seu dia a dia. 

Foi apenas no início da infecção que ela se deparou com um quadro mais delicado, precisando inclusive ser hospitalizada. Seu primeiro teste positivo para o coronavírus ocorreu nesta unidade de saúde.

Nos testes seguintes, quando a confirmação da presença do agente infeccioso ainda existia, os médicos julgaram que estavam detectando falsos positivos. 

Em março de 2021, porém, a carga viral da paciente teve outro pico, fazendo com que precisasse ser tratada para covid-19 novamente. Foi em abril que o organismo da norte-americana eliminou o vírus de vez por todas, também conforme o Science News.

Evolução dentro do hospedeiro?

Quando a estadunidense foi novamente admitida no hospital em 2021, os profissionais de saúde decidiram fazer testes mais aprofundados para conseguirem entender qual exatamente era a situação. Assim, decidiram sequenciar seu genoma. 

Este foi o exame que revelou a presença do coronavírus em seu sistema meses depois do primeiro teste positivo. O microrganismo detectado tinha, ainda, algumas particularidades que imediatamente chamaram a atenção dos especialistas. 

Fotografia meramente ilustrativa de sangue sendo examinado por profissional / Crédito: Divulgação/ Pixabay/ PublicDomainPictures

A primeira característica relevante foi a semelhança com a cepa original que havia contaminado a mulher. Porém, já não era a mesma variante — e, o mais surpreendente, também é que não era nenhuma das variantes que haviam sido identificadas circulando em diferentes partes do planeta. 

Dessa forma, ainda conforme detalhado pelo artigo científico, o achado levou os profissionais de saúde a chegarem à conclusão de que o coronavírus evoluiu e modificou-se dentro da paciente. Uma situação assim, avaliaram os pesquisadores, poderia inclusive influenciar na disseminação de uma nova cepa do patógeno.

Como um todo, o curioso estudo foi capaz de coletar mais informações sobre a reação de pessoas imunocomprometidas quando contaminadas pelo vírus da covid.

Vale comentar que essa é uma população que merece atenção particular, uma vez que o número reduzido de anticorpos em seu organismo impede que eles apresentem uma reação potente à vacina.