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Matérias / Religião

De São Agostinho a São Dimas: 7 santos que não eram tão santos assim

Muitos carregam o estigma de bondade e pureza, no entanto, possuem uma trajetória controversa

Fabio Previdelli Publicado em 15/10/2019, às 17h21

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Reprodução
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Segundo a definição do dicionário, a palavra Santo designa aquele que “pertence à religião ou aos ritos sagrados; relativo à divindade; que serve a uso sagrado”. A Igreja Católica reconhece como santo, por meio da canonização, pessoas que desempenharam uma obra admirável, ou cuja vida serve de testemunha aos demais católicos.

No entanto, nem todos os santos da História eram totalmente santos. Pelo menos é isso que diz Emma J. Wells - historiadora eclesiástica e arquitetônica especializada na Igreja moderna paroquial inglesa – em 7 Controversial Saints (7 santos controversos).

Confira a polêmica trajetória de cada um.

São Agostinho

São Agostinho talvez seja o santo mais famoso com um passado polêmico, o que chega a ser surpreendente, pois sua mãe (Santa Mônica) era uma devota cristã. Famoso pela frase "Dá-me castidade e continência, mas não agora", ele rejeitou sua criação como cristão devoto para viver uma vida de hedonismo, entretenimento e ambição mundana.

São Agostinho / Crédito: Wikimedia Commons


Além do mais, ele não tinha uma, mas duas amantes e um filho ilegítimo, ou seja, nascido fora do laço matrimonial, que ele teria abandonado. Agostinho teria vivido por décadas seguindo esse estilo de vida, antes de aderir ao celibatário. A teologia de Agostinho se tornaria um dos principais pilares sobre os quais a Igreja dos próximos mil anos foi fundada.

Santa Ângela de Foligno

Santa Ângela de Foligno foi declarada santa depois de passar pelo processo de canonização em 2013. Mas enquanto alguns santos mostram sinais de santidade desde a terna idade, Ângela era um pouco diferente. Nascida em 1248, em uma família italiana de destaque, ficou imersa na busca por riqueza e posição social, mesmo sendo esposa de um homem influente e mãe de vários filhos.

Afresco de Santa Ângela de Foligno / Crédito: Wikimedia Commons


Experimentou uma conversão e percebeu o aparente vazio de sua existência por volta dos 40 anos. Ela teria clamado por São Francisco, que lhe apareceu em uma visão, a qual ela pediu conselhos para se confessar. Ângela pediu perdão por suas ações anteriores e sugeriu que se dedicaria a uma vida de orações e caridades.

São Dimas

A maioria dos cristãos conhece São Dimas por um nome bastante revelador: O Bom Ladrão. Ele foi um dos ladrões que foram crucificados com Jesus. Sua relação com a Sagrada Família teve alguns outros episódios antes de seu final em comum.

Dimas teria tido um desentendimento com Maria e José ainda quando Jesus era um bebê. Na ocasião, ele e um cúmplice teriam ajudado os pais de Jesus em uma fuga para o Egito, para escapar dos soldados de Herodes.

Estátua de São Dimas / Crédito: Wikimedia Commons


No entanto, Dimas foi perdoado e subornou seu companheiro com 40 dracmas para que os deixassem passar.  O menino Jesus previu que os ladrões seriam crucificados com ele em Jerusalém e que Dimas o acompanharia ao Paraíso.

São Tomás Becket

Talvez seja São Tomás Becket o santo mais controverso, já que poucos dentre seus contemporâneos pudessem prever que o arcebispo de Cantuária e conselheiro do rei Henrique II estava destinado à santidade.

Filho de um próspero comerciante londrino, ele teve seus talentos notado por Henrique II, que o tornou seu chanceler. Quando o arcebispo Teobaldo faleceu em 1611, Tomás logo foi nomeado para seu cargo. Henrique II achou que o amigo seria facilmente manipulado, mas ele acabou se voltando para a Igreja.

Depois de perceber o descontentamento de Henrique, Becket buscou exílio na França, onde permaneceu até 1170. Ao retornar, ele excomungou bispos que apoiavam diplomaticamente o rei em sua busca de desalojar privilégios clericais. Isso enfureceu Henrique, o que ocasionou em sua morte.

Vitral de São Tomás Becket / Crédito: Wikimedia Commons


Quatro cavaleiros acreditaram que o rei ansiava vê-lo morto e, então, o assassinaram, espalhando seu sangue e cérebro pelo piso da Catedral de Cantuária. Imediatamente sua figura se tronou um mártir. Um culto associado ao poder curativo de seu sangue começou na cidade. Uma primeira cura milagrosa foi registrada em janeiro de 1171.

Junípero Serra

Junípero Serra fundou uma cadeia de missões católicas na Alta Califórnia. Ele instaurou os nove primeiros assentamentos católicos de San Diego a São Francisco, nas décadas de 1770 e 1780, com a esperança de levar os nativos para esses locais e batizá-los.

Junípero Serra / Crédito: Wikimedia Commons


No entanto, os as pessoas que eram batizadas seriam forçadas a permanecer nos assentamentos, no qual sofriam com problemas de superlotação e grande disseminação de doenças. Alguns povos nativos americanos também eram coagidos para trabalhar nesses locais, e aqueles que tentavam escapar eram submetidos a espancamentos.

São Columba

Como um dos três santos padroeiros da Irlanda, ele ingressou no sacerdócio aos 30 anos. Quando seu primo-lhe ofereceu terras em Derry, ele fundou seu próprio mosteiro, o que lhe permitiu viajar por toda a Irlanda do Norte ensinando sobre o cristianismo e estabelecendo outros 30 mosteiros em uma década.

No entanto, seu caráter zeloso e sua pregação irritavam muitas pessoas. Em 563 d.C., ele foi acusado de iniciar uma guerra entre duas tribos irlandesas e vários clérigos ameaçavam excomungá-lo. Em vez disso, ele foi condenado a nunca mais voltar para a Irlanda.

Maria do Egito

Apesar de não se saber ao certo o lugar onde ela nasceu, sabe-se que ela se mudou para Alexandria aos 12 anos. Escritos antigos relatam a extrema habilidade que Maria tinha em usar seu corpo para conseguir o que desejava. Embora muitos afirmem que a santa era uma prostituta, nunca aceitou dinheiro por seus serviços.

Maria do Egito / Crédito: Wikimedia Commons

Um dia ela avistou um grande grupo de peregrinos a caminho de Jerusalém e decidiu se juntar a eles, para isso, usaria todo seu jogo de sedução para garantir uma forma de viajar, corrompendo jovens do grupo de peregrinação. Logo após sua chegada, no entanto, Maria abandonou sua vida de pecados e se tornou um exemplo de arrependimento.