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Matérias / Estados Unidos

8 anos em cativeiro: a juventude infernal de Steven Stayner

Mesmo depois de ter escapado, o garoto não foi capaz de se ajustar à normalidade

Ingredi Brunato Publicado em 24/08/2020, às 18h34

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Fotografia de Stayner quando criança. - Wikimedia Commons
Fotografia de Stayner quando criança. - Wikimedia Commons

Steven Stayner tinha sete anos quando foi abordado por um homem enquanto caminhava para a casa após a escola. O menino foi convencido a entrar no carro de um desconhecido, e foi vítima de um sequestro do qual só escaparia oito anos depois. 

O homem com quem o jovem falou naquele dia não era, na verdade, aquele que se tornaria seu abusador. Era Edward Murphy, que acreditava estar levando o garoto para ter uma “criação em um acordo religioso”. Ele havia sido manipulado por Kenneth Parnell, um molestador de crianças, a cometer o rapto, após conhecê-lo num resort onde ambos tinham sido funcionários. Ele afirmaria depois de adulto que não o culpava pelo que aconteceu. 

Murphy se aproximou de Stayner dizendo que era um representante da Igreja, e perguntando se a mãe dele tinha algo que ela gostaria de doar para a instituição religiosa. Após ganhar a confiança do menino com essa conversa, Murphy perguntou se poderia acompanhar o garoto até a casa dele, para supostamente falar com a mãe dele. 

Quando o carro dirigido por Kenneth Parnell parou, o garoto seguiu Murphy para dentro dele sem desconfiar de nada. Foi então que ele foi levado não para a própria casa, e sim para a cabana onde o criminoso morava, onde ele foi estuprado repetidamente durante os anos seguintes. 

Vida com o pedófilo 

Após o jovem dizer muitas vezes que queria ir para casa, Parnell inventou que tinha a custódia legal dele, porque os pais do menino não o queriam mais. Stayner, infelizmente, ainda era pequeno demais para identificar a mentira. 

Durante seus anos vivendo com o molestador, o menino sequestrado foi matriculado em diversas escolas diferentes, ocasiões durante as quais o pedófilo fingia que era seu pai, e o garoto era obrigado a responder ao nome de Dennis Gregory Parnell. A nova identidade, assim como as mudanças frequentes de endereço, serviam para despistar possíveis buscas ao garoto. 

Parnell passou por muitos empregos que exigiam viagens, o que deixava Stayner sozinho em casa. Vista de fora, a situação poderia ser encarada como uma oportunidade perfeita para fuga, mas o garoto não sabia como ou para quem pedir ajuda. O efeito psicológico de ter sido uma vítima de sequestro já era muito forte para que ele visse escapatória. 

Uma das poucas coisas que lhe trouxeram conforto durante esse período sombrio de sua vida foi o fato de ter ganhado um cachorro, que chamou de Queenie. O cão tinha sido presente da mãe de criminoso, que não sabia da existência do menino raptado. 

Fuga 

Quando o menino começou a entrar na puberdade, o interesse do pedófilo por ele acabou diminuindo, de forma que Parnell começou a procurar sua próxima vítima. Tentou usar Stayner para atrair outras crianças, mas o garoto sabotava os sequestros sem que o criminoso soubesse. Eventualmente, ele desistiu de usar a vítima inicial em suas atividades criminosas.

Um dia, no entanto, o pedófilo conseguiu raptar outro menino, Timothy White, de apenas cinco anos. E Steven Stayner podia não ter sido capaz de fugir para se salvar no passado, mas apenas observar um outro menininho se tornar a próxima vítima de Parnell era mais do que ele podia suportar. 

Assim, o jovem fugiu com White. Seu plano inicial era levar o garotinho de volta para sua casa, mas ele não conseguiu achar o endereço, de forma que o fez entrar na delegacia para pedir ajuda. Stayner ficou esperando do lado de fora, porém policiais vieram buscá-lo e levá-lo para dentro, onde ele explicou a história toda. 

Vida após cativeiro 

Estar novamente dentro de um lar estruturado foi uma experiência estranha para Steven Stayner. Ele tinha quinze anos quando voltou para a casa de seus pais, e se adaptar à normalidade foi um desafio. Durante seus anos com Parnell, por exemplo, ele tinha criado o hábito de fumar e de beber, que não era algo contra o qual o molestador se opunha, até porque ele não estava preocupado com a saúde do garoto. 

“Voltei quase um homem adulto, mas meus pais me viram inicialmente como seu filho de 7 anos. Depois que pararam de tentar me ensinar os fundamentos de novo de novo melhorou. Mas por que meu pai não me abraça mais? Tudo mudou. Às vezes eu me culpo. Às vezes não sei se deveria ter voltado para casa. Eu estaria melhor se eu não fizesse?”, disse Stayner em entrevista à Newsweek, um pouco depois de voltar para casa. 

Outra questão era o pai do garoto não lidar bem com o fato do filho ter sofrido abusos sexuais. Por conta do estado de negação do pai, o jovem acabou não tendo acesso a um acompanhamento terapêutico para ajudá-lo a processar suas experiências traumatizantes. 

Mais tarde, Stayner acabaria também sendo expulso de casa, principalmente por seu problema com a bebida. 

Na vida adulta, ele acabou casando e teve dois filhos. Seu trabalho remunerado era uma pizzaria, no entanto ele também se envolveu de forma voluntária com grupos de crianças que passaram por sequestros, como ele. 

Todavia, um dia, quando voltava do trabalho, sofreu um acidente de trânsito em que sua motocicleta se chocou contra um carro. Steven Stayner acabou morrendo por conta dos ferimentos do acidente.


Fonte: ABC News.


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